São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
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Faltosos alegam acúmulo de trabalho

DANIEL BRAMATTI; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A maioria dos deputados incluídos na lista dos faltosos alega que houve acúmulo de trabalho no primeiro semestre, com o funcionamento de várias comissões voltadas para a reforma constitucional.
Todos eles foram procurados pela Folha na última semana, mas alguns não responderam aos recados deixados com seus familiares ou assessores.
Leia a seguir as explicações dos deputados faltosos ou de suas assessorias:
João Thomé Mestrinho: ``O semestre foi muito pesado. Tive faltas na Comissão de Agricultura porque tive de participar de reuniões nas comissões de Defesa Nacional, de Constituição e Justiça e da comissão que estudou a demarcação de terras indígenas".
José Teles: a assessoria do deputado informou que ele se sentiu ``desobrigado" de frequentar a Comissão de Agricultura ao passar do PPR para o PSDB, pois a vaga pertence ao partido e não ao parlamentar.
Osvaldo Coelho: o deputado afirmou que não pôde comparecer a várias sessões da Comissão de Agricultura porque priorizou as discussões sobre as reformas constitucionais.
José Aníbal: a assessoria do deputado informou que, como líder do PSDB, ele não teve tempo para atuar na Comissão de Economia. Segundo a assessoria, parlamentares suplentes foram orientados a ocupar a vaga.
Wagner Salustiano: ``Além de participar da Comissão de Economia, atuo também na Comissão de Relações Exteriores e nas CPIs do Bingo e do Ecad. Não posso estar em todos os lugares ao mesmo tempo".
Aldo Arantes: O deputado explicou que faltou a algumas reuniões da CCJ porque estava em missão oficial, em Lisboa, na conferência sobre o Timor Leste.
Bonifácio de Andrada: ``Muitas vezes eu chegava apressado às reuniões da CCJ e nem assinava a lista de presença".
Eduardo Mascarenhas: o deputado teve problemas de saúde no mês de junho. A CCJ não anulou as faltas referentes a esse período porque o atestado médico foi encaminhado à Mesa da Câmara e não à comissão.
Hélio Bicudo: O deputado viajou em missão oficial, mas a CCJ não foi informada oficialmente do fato e não anulou as faltas.
Luiz Carlos Santos: a assessoria do deputado explicou que, como líder do governo na Câmara, Santos teve de participar de várias reuniões das comissões que analisaram as emendas constitucionais.
Ney Lopes: o deputado afirmou que não teve tempo para acompanhar todas as sessões da CCJ, pois foi relator da emenda que acaba com a diferença entre empresas nacionais e estrangeiras.
Paes Landim: o deputado afirmou que uma de suas ausências na CCJ se deveu a uma viagem oficial à Guatemala, em maio. Em outras duas oportunidades ele não pôde comparecer porque estava em reuniões da comissão que analisa a MP que cria o Conselho Nacional da Educação.
Marquinho Chedid: o deputado diz que não compareceu a sessões na Comissão de Ciência e Tecnologia porque estava em reuniões da CPI do Bingo e das comissões sobre gás canalizado e navegação de cabotagem.
Pauderney Avelino: ``Não tenho o dom da ubiquidade. Não compareci a sessões da Comissão de Defesa Nacional porque, ao mesmo tempo, se realizavam outras da Comissão de Economia".
Geddel Vieira Lima: o deputado afirmou que não teve tempo de ir a muitas sessões da Comissão de Finanças por ser relator da emenda que quebra o monopólio das telecomunicações.
Germano Rigotto: ``Faltei a sessões da Comissão de Finanças porque, como líder do governo no Congresso, tenho de circular por várias comissões. O regimento deveria dispensar os líderes de serem membros efetivos de comissões".
Remi Trinta: afirmou que esteve doente e apresentou atestado à Mesa da Câmara e não à Comissão de Defesa do Consumidor.
Robson Tuma: a assessoria do deputado afirmou que ``há dúvidas" sobre a permanência do deputado na Comissão de Defesa do Consumidor, pois ele saiu do PL e a vaga é do partido.
Raul Belém: ``Não faltei. Tenho estado presente sempre que possível, mas várias vezes esqueci de assinar a lista de presença".
Alberto Goldman: o deputado afirmou que, durante quatro meses, trabalhou como presidente da comissão especial que analisou a emenda constitucional do fim do monopólio do petróleo. ``Trabalhei dia e noite na comissão especial. Presidi todas as sessões e, além do horário normal, fiz reuniões até altas horas da noite".
Mauro Fecury: ``Apresentei a justificativa ao presidente da Câmara. Passamos quase duas semanas acompanhando a recontagem de votos no Estado feita pela Justiça Eleitoral".
Antônio Balhmann: a assessoria do deputado questionou os números fornecidos pela comissão à Folha. Informou que o deputado faltou a quatro sessões, duas delas para participar de um encontro de vereadores e prefeitos.
Arthur Virgílio Neto: ``Exerço a vice-liderança do partido e estou coordenando as ações de plenário. Minhas atividades impedem a presença constante na comissão".
Emerson Olavo Pires: ``Sou titular da Comissão de Fiscalização e Controle e suplente da Comissão de Constituição e Justiça. Às vezes ficava na CCJ, por achar a reunião mais atraente".
Jaques Wagner: a assessoria informou que o deputado tem muitas atividades parlamentares como líder do partido. Além disso, Wagner já havia pedido a sua assessoria para preparar seu desligamento da comissão porque, como líder, pode circular em todas elas.
Jayme Santana: ``Sou diabético e tive problemas de saúde. Não encaminhei justificativas. Exerço outras funções parlamentares que são tão ou mais importantes".
Luiz Carlos Hauly: ``Faltei a sessões da Comissão de Fiscalização e Controle porque preferi participar das reuniões da Comissão de Finanças. Além disso, minhas atividades como vice-líder do governo tomam muito tempo".
Pedro Correa: ``Participei da comissão especial que discutiu a emenda constitucional que mudou o conceito de empresa nacional e da comissão especial da saúde. Os horários das sessões das comissões são coincidentes".
Valdemar Costa Neto: ``Como líder do partido, não tenho tempo de atuar na comissão. Não posso pedir meu desligamento porque os outros integrantes do partido não querem ser titulares dessa comissão. Sobrou para mim a vaga, mas não posso comparecer".
Inocêncio Oliveira: A assessoria informou que o deputado exerce muitas atividades parlamentares como líder e não pode comparecer a todas as sessões na comissão. Mesmo assim, o líder relata todos os projetos que lhe são encaminhados pela comissão.
José Carlos Aleluia: ``Estava envolvido na relatoria da emenda constitucional sobre navegação de cabotagem (entre os portos do país). A prioridade era a revisão constitucional, e não faltei as sessões da comissão especial".
Marcos Medrado: a assessoria do deputado informou que ele teve problemas de saúde (princípio de pneumonia) e que ``todas as ausências foram avisadas com antecipação, por telefone, ao presidente da comissão".
Michel Temer: ``O líder tem que estar presente em muitas reuniões e acompanhar toda a movimentação de plenário. Penso em propor uma mudança no regimento para que o líder não integre nenhuma comissão como titular, porque o cargo já lhe dá acesso a todas elas".
Miro Teixeira: ``Como líder, não tenho possibilidade de participar das sessões ordinárias da comissão. Há 60 dias conversei com o presidente da Câmara sobre a necessidade de modificarmos o regimento interno (normas de funcionamento) para desobrigar o líder de participar de comissões como titular".
Francisco Silva: o deputado afirmou que participa como titular da Comissão de Transportes. Silva disse que não apresentou requerimento pedindo seu desligamento porque ``isso na prática não funciona". ``Se você passar pelas comissões, vai encontrar três ou quatro deputados".
Vilmar Rocha: O deputado afirmou que teve faltas na Comissão de Direitos Humanos porque deu prioridade à presença na Comissão de Constituição e Justiça, por causa das reformas.
(Daniel Bramatti e Denise Madueño)

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