São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
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Inchaço força o PSDB a rever filiações

CARLOS MAGNO DE NARDI; EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Preocupados com o inchaço do PSDB, algumas das principais lideranças tucanas desencadearam uma ofensiva para impedir a filiação de ``oportunistas" -políticos que pretendem ``faturar" com a imagem de Fernando Henrique Cardoso e do Plano Real.
Os tucanos querem impedir que o partido repita a trajetória do PMDB, que inchou com a chegada ao poder de Tancredo Neves e José Sarney em 1985 e hoje é o maior e o mais dividido partido do país.
O sinal de alerta para o início da rediscussão das filiações ocorreu com o crescimento desenfreado do partido em Estados como Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro (leia textos nesta página), e com o ingresso de Álvaro Dias, ex-governador do Paraná.
Critérios
O PSDB quer crescer, mas com critérios mais claros até que a nova Lei Orgânica dos Partidos permita um maior monitoramento das filiações.
O ministro do Planejamento, o tucano José Serra, por exemplo, deu seu recado há duas semanas. Ele também quer o crescimento do partido, mas sem a ``abertura das porteiras".
O presidente do PSDB em São Paulo, deputado Sílvio Torres, é mais enfático. ``Nós todos vamos tentar evitar o inchaço. Temos que buscar meios mais eficientes para evitar gente oportunista", diz.
Os governadores Mário Covas, de São Paulo, e Tasso Jereissati, do Ceará, são os mais empenhados na articulação para atrair políticos mais afinados com o ``perfil tucano".
Ambos não admitem oficialmente, mas temem que as articulações do ministro Sérgio Motta (Comunicações) abram o partido para qualquer filiação.
Motta é apontado, por exemplo, como um dos incentivadores do ingresso de Álvaro Dias, criticado publicamente pelo governador paulista.
O ministro das Comunicações nega a articulação. Oficialmente, Álvaro Dias entrou para o partido pelas mãos do presidente do PSDB no Paraná, o ex-deputado Hélio Duque.
Mário Covas já se encontrou com os governadores Dante de Oliveira (PDT-MS), Antônio Britto (PMDB-RS) e Jaime Lerner (PDT-PR).

Força majoritária
Para se viabilizar como a ``força majoritária" no Congresso, como diz o ministro Motta, o partido foi um dos que mais ampliaram suas bancadas.
No primeiro semestre, o partido conseguiu a filiação de mais nove deputados federais. Elegeu 63 e hoje tem 72 membros na Câmara. No Senado, ampliou sua bancada para 12 senadores (eram dez).
O aumento da bancada, ainda inferior às do PMDB e do PFL, deve ser intensificado no segundo semestre. O deputado Sílvio Torres contabiliza, por exemplo, mais três filiações: Ushitaro Kamia (PSB-SP), Cunha Lima (PDT-SP) e Welson Gasparini (PPR-SP).

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