São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
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'Real condena setor agrícola à falência'

``Nunca vi crise igual", diz produtor

PAULO FERRAZ
DO ENVIADO ESPECIAL

Vitor Fischer, 74, o mais idoso participante do ``caminhonaço" que saiu do Sul do país no último dia 12 com destino a Brasília, só tem um receio: não viver o suficiente para ver a recuperação da agricultura brasileira.
Para ele, o setor foi ``ferido de morte" pelo Plano Real e está condenado à falência.
Filho de alemães e membro de uma das mais tradicionais famílias de produtores do Rio Grande do Sul, Fischer afirma nunca ter visto uma crise tão acentuada na agricultura como a atual.
``Só me lembro de uma coisa parecida na Segunda Guerra Mundial, quando o Rio Grande do Sul teve a maior seca de sua história. Mesmo assim, a crise não foi tão violenta."
Ele até admite a hipótese de o Plano Real não ser o único responsável pela crise. ``Mas, sem dúvida, o atual governo é o maior culpado, tanto por omissão quanto por falta de ação. O plano ignorou a agricultura. Agora, vai ser difícil consertar o estrago".
Sentado num banquinho de madeira, ao lado de seu caminhão, e comendo um prato de arroz de carreteiro (arroz cozido com charque, linguiça e salame) pelo quarto dia consecutivo, Fischer parece não se importar muito com o desconforto que está sendo obrigado a enfrentar. ``Se o governo se sensibilizar e fizer alguma coisa, já terá valido a pena", diz.

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