São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
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Sérvios estão a 1,5 km de Zepa, diz ONU

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As forças sérvias continuaram a atacar ontem o encrave de Zepa, na Bósnia, e já estão a 1,5 km da cidade, segundo informou a ONU.
Através de um porta-voz, o comandante Guy Vinet, a ONU informou que não houve bombardeios maciços, mas "tiros regulares e espaçados".
"Há combates locais ao longo da linha de frente entre os bósnios e os sérvios da Bósnia. Não temos informações a respeito de uma vasta ofensiva dos sérvios nessa região", declarou outro porta-voz da ONU, Alexander Ivanko.
Zepa, Gorazde, Srebrenica, Bihac e Sarajevo foram os cinco encraves muçulmanos declarados áreas protegidas das Nações Unidas em 1993. Zepa tem cerca de 12 mil pessoas.
Após a conquista de Srebrenica pelos sérvios da Bósnia, a ONU reconheceu que só poderia garantir aos encraves de Zepa e Gorazde "uma proteção muito limitada".
O comandante Vinet declarou que, durante a madrugada, três postos de observação de soldados ucranianos da ONU foram assaltados por soldados bósnios, que se apoderaram de todas as armas.
Os bósnios asseguraram ao comandante dos 79 capacetes azuis que devolveriam suas armas se os sérvios parassem sua ofensiva.
O líder dos sérvios, Radovan Karadzic, disse em uma entrevista publicada ontem pelo jornal espanhol "El País", que a idéia de estabelecer encraves era equivocada.
Karadzic defendeu que o futuro de Sarajevo é dividir-se em duas cidades "se os muçulmanos quiserem; caso contrário, será apenas "uma cidade sérvia". "A cidade", disse ele, "foi construída em uma região sérvia. Todo o território em volta é sérvio, e antes da guerra havia cerca de 200 mil sérvios em Sarajevo".
"Os encraves muçulmanos não são viáveis e devem desaparecer por si só, ou o faremos pela força", afirmou Karadzic.
Depois da queda de Srebrenica, Karadzic declarou que Zepa e Goradze terão o mesmo destino, exceto se "os muçulmanos se desarmarem e se desmilitarizarem ali".
"Mas, se vão continuar sendo santuários para terroristas, então as neutralizaremos", concluiu.
A conquista dos encraves muçulmanos ao longo da fronteira com a Sérvia daria aos sérvios o controle integral do território de toda a fronteira até Sarajevo.
Willy Claes, secretário-geral da Otan, reivindicou ontem "uma margem de manobra mais ampla e uma responsabilidade própria no caso de futuras operações de paz.
O presidente francês, Jacques Chirac, disse ontem que a França "não pode continuar sendo testemunha passiva ou cúmplice do inaceitável na Bósnia".
O papa João Paulo 2º condenou ontem as "bárbaras ações" que estão em processo na Bósnia e ofereceu sua solidariedade aos civis, vítimas do conflito.

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