São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 1995
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Fazendas levam sangue-novo ao pasto

SEBASTIÃO NASCIMENTO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE (MS)

Duas raças desenvolvidas nos EUA, beefalo e beefmaster, estão sendo adaptadas no Brasil como alternativa para cruzamento industrial. O objetivo é produzir bovinos mais precoces (abatidos até os dois anos) e pesados.
Na fazenda Junqueira, em Campo Grande (MS), o beefalo vem sendo avaliado há quatro anos.
A raça nasceu em Montana (EUA), na década de 40, do cruzamento do selvagem bisão com bovinos europeus (charolês, angus e hereford).
Em dezembro de 91, o fazendeiro Francisco José Ribeiro Junqueira, 64, de Campo Grande (MS), fretou um avião e trouxe do Wyoming (norte dos EUA) 106 animais em um só vôo.
Os primeiros filhos dos animais importados começaram a nascer este ano e os resultados têm agradado Junqueira.
A fazenda, que trabalha com monta natural, inseminação artificial e transferência de embriões, cruza o beefalo com o nelore para produção de animais meio-sangue.
Criado de maneira extensiva (solto no pasto), o beefalo já mostrou que é rústico.
``É difícil olhar para a pastagem a qualquer hora do dia e não ver o beefalo comendo. Já o gado europeu sente muito o calor e fica abatido", diz José Wilson Baião, responsável pelo manejo na fazenda.
Na semana passada, a fazenda divulgou um estudo comparativo sobre animais meio-sangue beefalo/nelore, meio-sangue canchim/nelore e nelore puro.
Segundo Baião, o meio-sangue beefalo/nelore desmamou mais cedo e ganhou mais peso que os demais, tanto a campo como em confinamento.
Eles foram abatidos com menos de dois anos de idade, com 16 arrobas (240 quilos).
Já as novilhas meio-sangue beefalo entraram no cio com menos idade.
``Mostraram que são precoces e férteis, pois foram inseminadas antes das outras", diz Baião.
Em Campo Grande, Junqueira cria beefalo puro. Em outras duas fazendas, em Jaraguari (50 km adiante) e no Pantanal (200 km de Campo Grande), ele faz experiências de cruzamento.
No Pantanal, Junqueira possui 15 mil cabeças de vacas aneloradas. Elas são cobertas por touros beefalo e nelore.
``Lá existe demanda para 150 touros. Minha meta aqui em Campo Grande é produzir tourinhos puros para cobrir as fêmeas das outras fazendas", afirma o fazendeiro.
Se os machos vão para o Pantanal, as vacas puras permanecem em Campo Grande com a tarefa de manter a qualidade do rebanho.
Atualmente, Junqueira tem 300 vacas, mas sua intenção é chegar a 1.000 fêmeas puras.
O fazendeiro está admirado com a capacidade reprodutiva do touro beefalo.
``No Pantanal, ele chega a cobrir 50 vacas, enquanto o nelore consegue cobrir 25", diz.
Na semana passada, a fazenda abateu 17 animais (16 machos meio-sangue beefalo/nelore) e uma novilha.
Coordenado pelo técnico Albino Luchiari, da Associação Brasileira do Novilho Precoce, o abate foi realizado para verificar o rendimento de carcaça do beefalo.
Os animais tinham idade entre 19 e 23 meses. O resultado será divulgado dia 23 de setembro, durante a realização de ``dia de campo" na fazenda.

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