São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 1995 |
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Produtores devem R$ 1,2 bi a cooperativas
MÁRCIA DE CHIARA
“Esse R$ 1,2 bilhão é triplo da dívida registrada em igual período de 94", diz Dejandir Dal Pasquale, presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB). Em 94, diz ele, o índice de inadimplência (atraso no pagamento) dos produtores não passava de 15%. Atualmente, a inadimplência atinge 80% dos cooperados que levantaram empréstimos. Segundo Dal Pasquale, desde março, pico da colheita de grãos, as dívidas estão sendo roladas. Cerca de 90% dos produtores com pendências são de pequeno porte. Só os agricultores do Paraná, por exemplo, que respondem por cerca de 30% da safra de grãos do país, estão deixando de pagar R$ 240 milhões às cooperativas. Resultado: a maioria das cooperativas não tem recursos para bancar suas despesas, diz Flávio Turra, agrônomo da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Para driblar a crise, explica Turra, as cooperativas decidiram desviar os recursos de investimentos para fazer frente às despesas. “A previsão das cooperativas paranaenses era investir R$ 500 milhões em três anos. Diante da crise, não foi investido nenhum centavo neste ano”, diz Turra. A crise das cooperativas se torna mais grave porque os produtores que conseguiram obter alguma receita com a venda da safra preferem quitar primeiro as dívidas fora das cooperativas. “O que ocorre com o trigo é uma amostra que pode se repetir com os grãos”, diz Dal Pasquale. Depois de ter produzido 6,1 milhões de toneladas em 88, a safra de trigo de 95 não deve passar de 1,3 milhão de toneladas. Foram 2.05 milhões em 94. No caso dos grãos, o quadro é pior porque a redução na oferta tem maior impacto nos índices de inflação. Texto Anterior: Discurso frustra lideranças Próximo Texto: Maciel quer receber agricultores Índice |
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