São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 1995
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Menores infratores são impunes, diz pesquisa

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Pesquisa realizada em 555 processos de infrações cometidas por menores em Recife (PE) constatou que em 538 (96,94%) os agressores saíram impunes.
``É um índice de impunidade muito grande e isso faz com que os menores infratores fiquem cada vez mais agressivos e ousados", disse a advogada Valdênia Brito Monteiro, 33, autora da pesquisa.
Monteiro trabalha para o Gajop (Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares), uma ONG (organização não-governamental) fundada em 1981 e especializada no estudo da violência.
Os processos são de casos ocorridos em 94 e registrados na 1ª e 2ª Varas da Criança e do Adolescente.
A pesquisa mostra que em 384 casos (69,19%) os menores são remidos (perdoados) pelos juízes e promotores do Ministério Público. A remissão é prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente.
``Causa estranheza tanta remissão. Sobretudo, quando a gente constata que quase a metade dos menores infratores é formada por reincidentes", disse a advogada.
Em 154 casos (27,75%), os processos foram arquivados, por apresentarem falhas como a não-identificação das vítimas ou dos crimes.
Para a advogada, ao invés das remissões, os menores poderiam receber ``penas alternativas" previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Entre essas penas, estão a prestação de serviços à comunidade ou a reparação de danos materiais causados pelos menores. ``Em vez de colocar na rua ou levar para centros sem condições de recebê-los, por que não encaminhar os menores para prestar serviços em hospitais?", diz a advogada.

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