São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 1995
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Apostas são realizadas na clandestinidade

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

As bolsas informais de apostas existem na clandestinidade das empresas financeiras.
Os operadores escondem a jogatina de seus patrões para não arriscar seus empregos.
Esse tipo de ``jogo" entre os funcionários serve mais como um exercício para as suas mentes, já acostumadas a imaginar números futuros.
No caso da bolsa de apostas de um torneio de futebol, como a Copa América, o preço de uma ação ou de uma arroba de carne é substituído pela soma total de gols da competição.
Dados sobre safras e saúde financeira de empresas dão lugar à pontaria dos atacantes, ousadia dos técnicos e ofensividade das equipes.
Até mesmo a linguagem da área é utilizada nas apostas.
A aposta é chamada de lote. Vender significa apostar que haverá menos gols, e comprar, apostar a mais que um determinado número de gols.
O mercado financeiro do Brasil já criou outros tipos de apostas no passado recente.
No último ano, na Copa do Mundo dos EUA, por exemplo, as apostas giravam em torno de qual seria a seleção campeã.
Brasil, campeão do torneio, ficou em primeiro nas apostas, seguido pelas seleções da Alemanha e da Argentina.
A mais curiosa e tenebrosa ``bolsa de apostas" foi feita em abril de 1985, quando o presidente eleito Tancredo Neves, doente, estava internado no Hospital do Coração, em São Paulo.
Os operadores paulistanos, na época, apostavam as suas economias na data que Tancredo Neves morreria.
Ele morreu no dia 21 de abril daquele ano.
(RB)

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