São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 1995
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Ufa!

ALBERTO HELENA JR.

Quando o juiz apitou o início do jogo era como se ativasse uma chave invisível que eletrizou o gramado. Tanto que, já aos 2min, Balbo fez o primeiro gol, numa arrancada pela direita, às costas de Roberto Carlos; portanto, sob a cobertura inexistente de André Cruz. Tudo bem, início de jogo, nervosismo natural, um lance de sorte e ousadia.
Houve um pequeno estremecimento na nossa equipe, até que, sete minutos depois, Leonardo combina com Roberto Carlos, que cruza para Edmundo empatar. Meu Deus, onde vamos parar desse jeito? O fato é que agora os argentinos se desequilibram e o Brasil, nos dribles sempre em progressão de Juninho e nos deslocamentos de Edmundo ameaça a virada. Enquanto isso, os argentinos vão-se soterrando sob os cartões amarelos, distribuídos implacavelmente por don Tejada.
Acontece que, se André Cruz, com toda a sua técnica, não sustentava a cobertura a Roberto Carlos, e Leonardo não fechava com segurança o lado esquerdo da meia-cancha, era por ali que os argentinos tentavam se infiltrar, apoiados na extrema habilidade de Ortega e na potência de Balbo ou Batistuta, que, vez por outra, fazia o revezamento pela direita.
E foi exatamente por ali que, num contragolpe rápido, a Argentina chegou ao seu segundo gol, desta vez com Batistuta, num frangaço de Taffarel, posto que não é dado ao goleiro, numa jogada dessas, permitir que a bola passe entre ele e a trave. Passou.
Ah, mas tivemos aquele lance delirante de Juninho driblando todo o time inimigo e servindo Edmundo, antes do gol argentino. É, mas também os argentinos foram garfados pelo bandeirinha, numa escapada fatal de Simeone, frustrada pela marcação de impedimento. Contudo, não o foram na expulsão de Astrada, que nos levou aos vestiários, perdendo o jogo, mas com um jogador a mais.
Já deveríamos ter voltado com Túlio no lugar, digamos, de Leonardo, que nunca encontrou posicionamento no meio. Voltamos sem Túlio, mas com muita vontade. Vontade e só. Já Passarella nos oferece uma vantagem, ao sacar Ortega para fechar o time. Matou qualquer possibilidade de contragolpe. Eis, pois, insistência inútil, Túlio em campo. Perde um gol incrível e faz um indecente, matando a bola na área com o braço esquerdo. O juiz confirma, sabe Deus por quê (ou saberão melhor os homens?).
Assim, vamos para os pênaltis. E aí brilharam as estrelas de Zagallo e de Taffarel. Ufa!

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