São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 1995
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Zukerman traz amigos para o Brasil

IRINEU FRANCO PERPÉTUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Pinchas Zukerman está trazendo amigos para tocar no Brasil. As apresentações camerísticas do violista, violinista e maestro israelense acontecem dia 9 de agosto, no Rio, e 10 de agosto, no teatro Cultura Artística, em São Paulo.
Zukerman, 47, começou a estudar música com o pai, aos quatro anos de idade. Aos oito era aluno de Ilona Feher no Conservatório de Israel; aos 14, sob orientação de Isaac Etern e Pablo Casals, foi para os Estados Unidos estudar com Ivan Galamian na Juillard School of Music. A carreira internacional começou com a vitória na competição Leventritt, aos 19.
A carreira como maestro começou em 1970, com a English Chamber Orchestra, à frente da qual acaba de realizar turnê como regente e solista. De lá para cá, regeu orquestras como as filarmônicas de Berlim, Nova York e Los Angeles, além das sinfônicas de Boston e Dallas e da orquestra de câmara de Saint Paul.
Sua discografia supera os 90 títulos. Recebeu 21 indicações para o grammy e ganhou prêmios em 1980 e 1981. A entrevista exclusiva à Folha foi concedida por fax.

Folha- O sr. vem ao Brasil como violinista, violista ou maestro? Como divide seu tempo entre as três carreiras?
Zukerman- Estou indo ao Brasil como violinista. Comecei com o violino por causa de meu pai, que também era um violinista, Ilona Feher, minha primeira professora, e Ivan Galamiah, um brilhante pedagogo, professor e meu mentor. A viola veio como uma extensão natural assim como a regência. Estou com meu violino todo dia -trabalhando e praticando.
Não é fundamental aprender a tocar o violino antes da viola -mas foi para mim. A English Chamber Orchestra foi minha primeira experiência profissional de regência e eu amo muito a orquestra. Quero trabalhar com eles até o dia de minha morte. Igualmente, tive uma experiência tremenda em St. Paul e creio que fiz muito pela orquestra. Eu gosto muito de voltar para St. Paul para reger e tocar e também toco música de câmara com alguns de seus membros. Eu adoro trabalhar com todas as orquestras -o tamanho não importa.
Folha- Com quem o sr. está vindo ao Brasil
Zukerman- Estou viajando ao Brasil com um grupo de câmara que tem meus amigos e colegas Marc Neikrung, pianista; Tom Kornacker, violinista; Carla-Maria Rodrigues, violista; Peter Howard e Eric Kim, violoncelistas.
Folha- Qual é o programa?
Zukerman- Vamos tocar no Rio em 9 de agosto e em São Paulo no dia 10. O programa será o mesmo em ambos os concertos: "Quinteto de Cordas em Dó Maior, de Boccherini; "Trio para Piano em Dó Menor, Opus 1, nº 3, de Beethoven; "Quinteto para Violoncelo em Dó Maior, Opus 163, D. 956, de Schubert.
Folha- Neste ano, o sr. está dando recitais comemorando os 20 anos de sua colaboração com o pianista Marc Neikrung. Como é sua relação com ele?
Zukerman- Sempre toco com Marc Neikrung. Somos parceiros há mais de 20 anos e amigos muito próximos. Estou feliz por ter desfrutado de uma colaboração de 20 anos com ele.
Folha- O sr. vai gravar o concerto para violino de Alban Berg. Como vê a música contemporânea? Não acha que ela está perdendo a capacidade de comunicação com o público?
Zukerman- Acabei de gravar o concerto para violino de Berg pela segunda vez. A primeira gravação foi com a Orquestra Sinfônica de Londres e Pierre Boulez (gravação que está fora de catálogo). Em fevereiro deste ano, gravei a peça de novo, desta vez com a Filarmônica de Londres e Zubin Mehta. Cresci como pessoa e artista e é natural que eu descubra certas nuances no repertório e o grave novamente. Toco como sinto e sempre tento servir da melhor maneira o compositor e a música.
Sou um advogado da música contemporânea e me interesso por seus compositores -como Oliver Knussen, Marc Neikrung e Luciano Berio. Como maestro, acho que público e músicos fazem o máximo para aprender e serem receptivos a toda experiência musical.
Folha- Como foi sua iniciação musical?
Zukerman- Comecei aos quatro anos quando meu pai me deu uma pequena flauta de madeira -como uma flauta doce. Ele me ensinou a tocar e, da flauta, passamos ao violino. Minha primeira professora, Ilona Feher, decidiu me tomar como aluno ao me ver ainda garotinho, afinando o violino com tanto cuidado.

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