São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 1995
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Governo bósnio admite evacuar Zepa

Francês das tropas da ONU monta guarda em Sarajevo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Erramos: 19/07/95
A agência "Habena" não é ligada aos sérvios, como dizia texto à pág. 2-10 ( Mundo) de ontem. Ela é croata, ligada aos bósnios.
O governo bósnio aceitou negociar com separatistas sérvios a retirada da população muçulmana de Zepa, cidade sitiada pelos sérvios da Bósnia.
Dessa forma, o governo consegue a diminuição dos ataques contra a cidade, prestes a cair em poder sérvio desde a semana passada.
Os muçulmanos de Zepa mantiveram ontem por mais um dia a resistência. Os sérvios chegaram a penetrar algumas centenas de metros nas linhas de defesa.
Os soldados da ONU que defendem a cidade -uma das "áreas protegidas da Bósnia- foram ameaçados e estão cercados.
Os sérvios instalaram minas ao redor de um posto ucraniano. O comando sérvio ameaçou atirar contra os soldados se a Otan, a aliança militar do Ocidente, for chamada para defender a região.
O governo da Ucrânia já estuda formas de retirarem seus soldados da região ao redor de Zepa, se a situação ficar "insustentável".
"Se o encrave cair, ficará muito difícil manter as forças de paz. Precisamos tomar medidas concretas para assegurar a sobrevivência de Sarajevo e Gorazde", disse o chanceler alemão, Klaus Kinkel.
Por essa estratégia, as tropas da ONU reforçariam as áreas ao redor dessas duas cidades, as maiores em poder dos muçulmanos, e sacrificariam as outras "áreas protegidas" (Zepa, Tuzla, Bihac e Srebrenica, esta tomada pelos sérvios na semana passada).
No final da manhã, houve alguns disparos contra postos da ONU, sem gravidade.
"As linhas de defesa estão sólidas e estáveis. Nos últimos dias, milhares de refugiados de Srebrenica chegaram a Zepa, e não havia soldados sérvios com eles", relatou Becir Heljci, presidente da Associação de Cidadãos de Zepa.
Em Zepa vivem 15 mil muçulmanos. Eles estão em guerra com os sérvios da Bósnia desde a independência do país, em 1992.
Os sérvios se opõem à fragmentação da antiga Iugoslávia e querem permanecer ligados à Sérvia e a Montenegro.
A agência de notícias croata "Habena", ligada aos sérvios, chegou a noticiar que Zepa foi invadida. Outra agência, a "Hina", também croata e simpática aos muçulmanos, negou a informação.
Os sérvios atacaram também a cidade de Osijek, no leste da Croácia. É o primeiro ataque contra o local desde 1992. Não há registro de mortes.
Houve ataques sérvios contra o centros de Sarajevo. Segundo testemunhas, 12 granadas caíram sobre casas de civis, causando estragos. Não há registro de vítimas, mas um soldado belga a serviço da ONU morreu. As Nações Unidas dizem que ele se suicidou.
O líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, pode ser processado no tribunal da ONU que julga crimes de guerra até o fim do ano, segundo disse em Viena o sul-africano Richard Goldstone, "promotor" no caso.

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