São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995
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Cargo no Ibama provoca crise entre ACM e Krause

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A disputa por cargos de segundo escalão gerou uma crise na cúpula do PFL. O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) trocou bilhetes ofensivos com o ministro Gustavo Krause (Meio Ambiente) porque não foi ouvido na nomeação do superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) na Bahia.
Após deixar que a informação sobre a disputa pelo cargo ``vazasse" para a imprensa, o senador baiano mudou sua estratégia e afirmou que vai apresentar ao presidente Fernando Henrique Cardoso uma lista de indicações para cargos de segundo escalão que classifica como suspeitas.
ACM afirmou que pretende discutir o assunto com o presidente e com o ministro Gustavo Krause, porque o governo não pode nomear pessoas inidôneas para cargos federais.
O superintendente do Ibama na Bahia, José Guilherme da Motta, ex-secretário estadual da Agricultura, foi nomeado por indicação do deputado federal e ex-governador Roberto Santos (PSDB), adversário de ACM no Estado.
No primeiro bilhete enviado a Krause, no dia 11 deste mês, por meio de fax, ACM deixou claro o motivo da sua revolta. O senador disse que lamentava não ter sido ouvido para a indicação do superintendente do Ibama.
ACM argumentou que deveria ter sido consultado porque é um senador que trabalha para defender o governo. Acrescentou que o ``Galo da Madrugada" (bloco carnavalesco integrado por Gustavo Krause) não é bom conselheiro.
Krause interpretou a mensagem de ACM como uma insinuação de que faria parte de um bloco formado por boêmios.
O ministro do Meio Ambiente deu uma resposta curta e forte ao senador, também por fax. ``Devolvo o fax nos mesmos termos. Não aceito ser chamado a atenção. Não sou garoto de recados. Saudações", escreveu Krause.
Antônio Carlos respondeu com outro fax, desta vez mais curto: ``Eu sou do Olodum e não sou do `Galo da Madrugada'. Estou em Brasília para trabalhar pela vitória do governo", afirmou.

Maciel
A crise explodiu em reunião do PFL realizada no Palácio do Jaburu, residência do vice-presidente da República, Marco Maciel (PE), no dia 11. O presidente nacional do partido, Jorge Bornhausen, coordenava a reunião do projeto ``PFL-2000".
Maciel decidiu intervir para resolver a disputa no partido. Ligou duas vezes para ACM, uma vez para o presidente da Câmara dos Deputados, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), filho do senador, e várias vezes para Krause.
A crise já estava quase sufocada quando a informação ``vazou" para a imprensa. ACM reagiu e disse que apontaria nomes suspeitos entre os indicados para cargos do governo federal. Krause preferiu silenciar sobre o assunto.
O Ibama informou apenas que as nomeações dos superintendentes obedecem a critérios técnicos e políticos. Os nomes apresentados pela Secretaria Geral da Presidência da República são analisados pelo próprio Ibama.
Uma comissão formada pelo procurador-geral, pelo ouvidor-geral e pelo diretor administrativo do órgão analisa o currículo da pessoa indicado.
Quando necessário, a comissão solicita novas informações à Presidência da República. Se o nome é vetado pelo aspecto técnico, o Planalto apresenta outra alternativa.
Guilherme Motta foi aprovado na avaliação do Ibama. O instituto já aceitou quatro superintendentes indicados pelo Planalto (Bahia, Santa Catarina, Pernambuco e Roraima) e rejeitou dois.

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