São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995 |
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FHC defende ampliar mandato presidencial
MARTA SALOMON
Em Lisboa, FHC afirmou que, em razão de sua "experiência" no cargo, "preferia outra solução que não implicasse em reeleição". Segundo ele, a alternativa seria a ampliação do mandato presidencial. Ressalvou, no entanto, que a proposta não deve ser discutida em relação a ele. "Isso é matéria que afetará os futuros presidentes". A "tese é para ser pensada em termos de engenharia política do Brasil e não em termos de um mandato específico", disse. Na avaliação do presidente do PSDB, senador Artur da Távola (RJ), ``seria ruinoso" tratar da reeleição de FHC neste momento. A intenção do partido é debater o assunto depois de o Congresso votar as reformas constitucionais necessárias, segundo o governo, à estabilidade do Plano Real. ``Quando o Congresso (durante a revisão constitucional do ano passado) reduziu o mandato do presidente sem a possibilidade de reeleição, fez a coisa pela metade", sustentou Távola. Ao contrário de Fernando Henrique, o senador afirmou que a proposta de aumentar o mandato presidencial poderá ser discutida já para o atual ocupante do cargo. FHC desembarcou em Lisboa decidido a relevar as críticas à administração do Plano Real e à tese da reeleição feitas, na véspera, pelo ex-presidente Itamar Franco, atual embaixador em Portugal. Numa conversa informal com jornalistas na terça-feira, Itamar condenou a proposta de se permitir a reeleição para presidente da República, em meio a críticas contra as altas taxas de juros, a desindexação dos salários e a privatização da Companhia Vale do Rio Doce. ``É claro que ele tem o direito de ter uma opinião diferente da minha e vice-versa", disse. FHC demonstrou concordância com Itamar em dois pontos: ``Também acho que os juros estão altos e sou contra a reeleição". Logo cedo, ainda no aeroporto, FHC aproveitou um rápido pronunciamento para prestigiar seu antecessor no Palácio do Planalto. ``Ele tem o respeito dos brasileiros", disse o presidente, lembrando que a indicação de Itamar para a embaixada era um ``sinal de apreço" por Portugal. Como manda o protocolo, o embaixador foi receber FHC dentro do avião. O constrangimento provocado pelas declarações da véspera foi resolvido, ali, com uma brincadeira do presidente. ``Tomara que se torne uma tradição que os ex-presidentes brasileiros sempre se tornem embaixadores em Portugal", disse FHC. Depois de passar parte da noite desmentindo boatos de que Itamar estaria demissionário, a assessora da embaixada Ruth Hargreaves comemorava o desenlace do caso. ``Ele (Itamar) não lançou a candidatura do Ciro Gomes (ex-ministro da Fazenda) contra a reeleição do Fernando Henrique", disse ao repetir o que esclarecera a Ana Tavares, assessora presidencial. FHC ``dá o assunto por encerrado", disse o porta-voz Sérgio Amaral. O ministro Sérgio Motta (Comunicações) seguiu a orientação: ``As declarações do Itamar foram sobre o gol de mão do Túlio (jogador da seleção brasileira)?". Texto Anterior: Motta fecha acordos de telecomunicações Próximo Texto: Azeredo pretende reunir os 27 governadores Índice |
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