São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995
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PM paulista mata 23% mais que em 94

DA REPORTAGEM LOCAL

A média mensal de pessoas mortas pela PM em 95 no Estado de São Paulo cresceu 23,1% em relação a 94. No ano passado, foram mortas 43,3 pessoas por mês e neste ano, 56.
No primeiro semestre da administração Mário Covas foram registrados 336 casos de pessoas mortas pela PM. Durante o último ano do governo Fleury, em 94, aconteceram 520 mortes.
Após o massacre de 111 presos no pavilhão 9 da Casa de Detenção, ocorrido em outubro de 92, a PM adotou o programa chamado ``Rota Light".
O programa previa medidas para diminuir o número de pessoas mortas pela PM -em 92 foram 1.470, incluindo os 111 presos-, como o tratamento psicológico obrigatório para policiais que se envolvessem em tiroteios com mortes e a transferência desses homens para funções burocráticas.
Como resultado do programa, a taxa caiu para 409 em 93 -o menor número dessa década. No fim de 93, o então comandante da PM, coronel João Sidney de Almeida, suspendeu a obrigatoriedade do tratamento psicológico.
O número de pessoas feridas pela PM foi, no seis primeiros meses de 95, de 481. Dessas, 259 foram atingidas por policiais que estavam trabalhando e 222 por PMs que estavam de folga.
No primeiro semestre de 95, foram assassinados 24 policiais militares no Estado. Desses, apenas três estavam trabalhando -os outros morreram durante a folga.
O número de policiais feridos, segundo números da Corregedoria da PM, chegou a 784 no primeiro semestre de 95. Desses, 432 casos aconteceram quando o policial estava trabalhando e 352 quando ele estava fora do serviço.
O comando da Polícia Militar transferiu cerca de 40 policiais militares desde o começo do ano a fim de tentar evitar o crescimento do número de mortos pela PM.
Segundo a PM, foram abertos inquéritos para apurar todos os casos. Os excessos, quando comprovados, foram punidos. Todos esses casos deverão ser julgados pelo Tribunal de Justiça Militar.
Até sexta-feira passada, estavam encarcerados 83 PMs, 17 PMs reformados e 125 ex-PMs no presídio militar Romão Gomes (zona norte de SP).
Segundo o Núcleo de Estados da Violência da USP (Universidade de São Paulo), a polícia de Nova York (EUA) mata, em média, 25 pessoas por ano -mesmo número registrado pela polícia de Los Angeles (EUA).

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