São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995 |
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Bossa de Jobim soa clássica em Montreux
CARLOS CALADO
Para os fãs do jazz, o programa musical de anteontem, organizado pelo selo Verve, resultou na grande noite deste eclético 29º Montreux Jazz Festival. Mais de 2 mil pessoas lotaram as poltronas do Stravinski Hall. Desta vez com raros brasucas na platéia, a música do maior compositor brasileiro serviu de motivo para um sofisticado concerto -quase clássico- de jazz. ``O ritmo do Brasil está definitivamente estabelecido no mundo. E o Tom é o grande embaixador de nossa música", disse à Folha o violonista Oscar Castro-Neves. A banda de Henderson inclui outros três brasileiros: Nico Assumpção (contrabaixo), Hélio Alves (piano) e Paulo Braga (bateria). Henderson abriu a noite com a clássica ``Triste", mostrando que a turnê do ``Brazil Project" pelos EUA e Europa rendeu maior harmonia e descontração para o quinteto, totalmente acústico. Além de tocar cinco pérolas de Jobim, com destaque para ``Amor em Paz" e ``A Felicidade", o saxofonista incluiu no repertório do show a composição que marcou seu primeiro contato com a música brasileira. Tocou ``Recorda Me" -tema de sabor latino que compôs ainda garoto e depois reescreveu, sob influência da bossa nova, no início dos anos 60. Na atual versão, virou um agitado samba. Sozinho no palco, o saxofonista lembrou também a personalíssima versão da balada ``Lush Life", repleta de fragmentações rítmicas e derivações melódicas. Tocando jazz ou bossa nova, ele imprime sempre sua personalidade. Integração quase telepática foi o que também demonstrou o trio The Free Spirits, formado por John McLaughlin (guitarra), Joey DeFrancesco (órgão Hammond) e Dennis Chambers (bateria). Especialmente em ``My Favorite Things", clássico do repertório de John Coltrane, o trio comprovou seu espírito ``free". A noite terminou com o professor Jimmy Smith e sua classe de garotos-prodígio: Mark Whitfield (guitarra), Nicolas Payton e Roy Hargrove (trompetes), Christian McBride (baixo) e Ron Blake (sax). O jornalista CARLOS CALADO viaja a Montreux a convite da Warner e da Polygram. Texto Anterior: República foi revolucionária Próximo Texto: BLUE NOTES Índice |
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