São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA e Europa negociam uso de força

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os governos dos EUA, Reino Unido e França estão perto de um acordo sobre a utilização de força para evitar a queda de Gorazde, encrave no leste da Bósnia.
“Nós avançamos bastante, porém não há consenso sobre uma ação tática”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Nicholas Burns, desmentindo boatos em Paris de que a ação já teria sido acertada.
O presidente Bill Clinton, dos EUA, e os primeiros-ministros Alain Juppé (França) e John Major (Reino Unido) conversaram por telefone ontem para discutir a crise.
A França defende o uso de força para proteger Gorazde e, eventualmente, retomar os encraves ocupados pelos sérvios bósnios.
Ontem, o líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, disse que suas tropas derrubarão “qualquer avião estrangeiro” que sobrevoar os encraves.
John Major disse estar cauteloso em relação ao uso da força. “Tudo isso passa pelas Nações Unidas”, disse. Os EUA estariam dispostos a usar seus helicópteros para transporte de tropas e aviões para atacar baterias antiaéreas dos sérvios.
No Senado norte-americano, a oposição republicana voltou a pedir que Clinton evite se envolver militarmente e que apenas suspenda o embargo de armas imposto aos bósnios.
Os democratas, no governo, argumentam que a suspensão do embargo, além de ferir determinação das Nações Unidas, vai favorecer também os sérvios.
Ontem, um enviado russo a Pale, quartel-general dos sérvios bósnios, discutiu um plano alternativo para a divisão da Bósnia.
Segundo o enviado, Vitali Churkin, há chances de os sérvios aceitarem o novo plano.
Há dois anos, eles recusaram o plano ocidental que dividia a Bósnia em uma porção croata-muçulmana, com 51% do território, e uma sérvia de 49%. Os sérvios dominam hoje 70% da Bósnia.
Mais dois países muçulmanos pediram ontem a suspensão do embargo contra os bósnios. Os governos dos Emirados Árabes Unidos e do Qatar sugeriam ajudar os muçulmanos bósnios, assim como já opinaram Irã e Arábia Saudita.
Ontem, o Conselho de Segurança da ONU aconselhou que a Alemanha seja autorizada a enviar tropas para integrar um eventual reforço nas tropas de paz na Bósnia.
O país, sob regime nazista, dominou a região durante a Segunda Guerra Mundial e massacrou milhares de civis sérvios e muçulmanos, com apoio de croatas.

Texto Anterior: Muçulmanos entregam Zepa aos sérvios
Próximo Texto: França quer enviar reforços
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.