São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995
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Aeronave de asa rotativa imita vôo de beija-flor

ERNESTO KLOTZEL
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os helicópteros pertencem à categoria das aeronaves de asa rotativa, enquanto os aviões convencionais são denominados aeronaves de asa fixa.
Muito mais que um preciosismo técnico, o termo não poderia ser mais adequado para explicar as características muito especiais de operação de uma aeronave que imita de perto o vôo do beija-flor. Lembrando que as grandes pás do chamado rotor principal de baixa rotação se comportam como asas em um avião convencional, fica mais fácil explicar as fantásticas manobras que qualquer helicóptero é capaz. Enquanto a asa normal de um avião corta o ar impulsionada para frente, o mesmo processo se dá quando a rotação das pás provoca a passagem do ar a alta velocidade sobre a superfície dessas ``asas rotativas".
Esse princípio permite uma compreensão, pelo menos superficial, do que se passa no rotor principal. É em seu cubo, onde se concentram o comando, os amortecedores e as articulações, que se encontra o segredo do vôo do helicóptero.
Quando as pás mudam de ângulo por igual, comandadas da cabine pela alavanca de passo coletivo, a única que difere dos comandos normais encontrados em uma cabine de avião, o helicóptero sobe ou desce na vertical.
Quando o ângulo das pás varia durante cada rotação, consegue-se uma sustentação desigual em determinados arcos de cada revolução completa. Essa variação é comandada pelo manche, na cabine do piloto.
É a combinação dos ângulos das pás comandadas por igual, variando de acordo com o ciclo de uma rotação ou a combinação dos dois efeitos, que permite ao helicóptero ``pairar", decolar e pousar na vertical, voar para a frente e para trás.
Fica ainda aquela hélice na cauda que, ao contrário do rotor principal, gira em alta rotação. Ela, igualmente, tem pás cujo ângulo pode ser modificado por meio de pedais na cabine. Chamado rotor de cauda, ou rotor antitorque, é um mal necessário, pois, além de consumir potência e não contribuir para a translação do helicóptero, é um dos componentes mais sensíveis com relação à segurança.
O rotor de cauda neutraliza o movimento de torção, natural em conjuntos movidos por um motor. É como se o rotor principal tentasse girar o restante do aparelho. O rotor de cauda, comandado pelos pedais como se fosse um leme de avião, ajuda nas curvas e pode fazer com que o helicóptero gire sobre seu eixo vertical, manobra muito conhecida durante pousos e decolagens.
A frota brasileira de helicópteros civis é formada por mais de 400 aparelhos, a maioria dos tipos JetRanger, da Bell (130), e Esquilo, da Helibrás (103). A velocidade de cruzeiro do JetRanger e do Esquilo não difere muito, ficando na faixa de 220 a 230 km/h. O rotor principal de ambos é superior a dez metros.
Os dois modelos são os mais utilizados em serviços de táxi-aéreo, transporte de executivos e passageiros em passeios turísticos.
Todo helicóptero dispõe de um sistema de embreagem e de uma ``roda livre". Em caso de pane de motor, as pás podem girar livremente, impulsionadas pela forte corrente de ar provocada pela descida do aparelho, que continua sob pleno controle do piloto. Próximo ao solo, a alta rotação acumulada durante a descida é convertida em sustentação e o pouso é suave.

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