São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 1995
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Copa América confronta homens diferentes

ISABELITA DOS PATINS
ESPECIAL PARA A FOLHA

A disputa da Copa América, no Uruguai, é o confronto entre homens sul-americanos de estilos bem diferentes dentro e fora do campo. É o carnaval contra o machismo mais grosseiro. Pessoalmente, prefiro o carnaval.
Entre os favoritos, sempre torci pelo Brasil. Os jogadores argentinos refletem o que são os homens do país: metidos a machão, com ar de todo-poderosos, prepotentes. Os uruguaios vão na mesma linha. Comportam-se com a mesma arrogância dos vizinhos platinos.
O homem brasileiro é diferente e mostra isso no campo. Para os brasileiros, torcedores ou jogadores, o futebol é carnaval. A camisa amarela, a garra no campo, o hino nacional, tudo emociona. O brasileiro é mais solto e isso me agrada mais.
Além disso, gay é como fogão e geladeira: na casa de toda família tem. Só varia a cor e o modelo.
Quem vai botar a mão no fogo por todo o grupo de jogadores? Sempre pode haver um ``gayroto" no meio dos garotos do técnico.
Futebol é esporte para homem. É verdade que há muitas meninas que também jogam, mas -aqui entre nós- muitas delas mais parecem caminhoneiras, pelo jeito bruto. Esse esporte exige muito contato físico nas disputas de bola, na hora de chutar e quando é preciso perseguir correndo um adversário.
Futebol é questão de jeito, mas também é de força. E, em matéria de força e jeito, os homens brasileiros, para mim, sempre levaram (e continuarão levando) grande vantagem.
Sou argentina, mas, confesso, torci para o Brasil no jogo de segunda-feira. É uma afinidade antiga.
Desde pequena, quando ainda morava na Argentina, tenho simpatia especial pelo Brasil, que depois veio a ser correspondida pela acolhida maravilhosa que este país me deu. Fiquei empolgada com a partida -e olha que nem era de Copa do Mundo! Vibrei muito e adorei a vitória da seleção brasileira.
Não gostaria de ver a seleção do Uruguai ou a da Argentina terminando esta Copa América como campeã.
Seria a vitória da arrogância. Nas seleções da Colômbia e dos Estados Unidos, nunca coloquei muita fé.
Nada me daria mais satisfação do que ver o Brasil ganhar o título do torneio, pois é lindo ver o Brasil jogar.
Só ficou faltando nesta seleção o Renato Gaúcho, o meu ídolo e símbolo sexual máximo no futebol brasileiro.
Não foi à toa que ele mereceu meus beijos -um no rosto e um em cada perna- antes da final do Estadual do Rio, contra o Flamengo -vitória do Fluminense, com gol dele, de barriga .

Jorge Iglesias, a Isabelita dos Patins, é transformista e ficou célebre ao dar um beijo no presidente Fernando Henrique Cardos

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