São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 1995 |
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Festivais encenam `star system' erudito
LUÍS ANTÔNIO GIRON
``Nossa intenção é fazer um festival cada vez mais renovador", diz o advogado belga Gérard Mortier, 54, diretor artístico de Salzburgo desde a morte do maestro austríaco Herbert von Karajan, em 1989. ``Um evento desse porte não deve apenas premiar a elite e encenar óperas com Jessye Norman. Deve revolucionar." ``Estamos pensando na transmissão do legado wagneriano para o século que vem", diz Wolfgang Wagner, 75, diretor artístico de Bayreuth e neto de Richard Wagner (1813-1883), que fundou o festival em 1876. Os orçamentos de cada evento são diferentes. Salzburgo recebe cerca de US$ 20 milhões do governo austríaco para promover óperas, concertos e recitais. O turismo de Salzburgo é incrementado em julho e agosto. A cidade de 150 mil habitantes recebe em média um milhão de visitantes nesse período. Bayreuth amealha US$ 8 milhões, e não depende do governo alemão. A sociedade dos amigos do festival mantém um fluxo constante de dinheiro para satisfazer os delírios imaginativos de Wagner e convidados. O festival tem um sabor religioso. Para lá peregrinam uma média de 300 mil fiéis. ``Durante o ano, 500 mil pessoas disputam os 55 mil ingressos", orgulha-se Wagner. ``Não conseguimos mais saciar os wagneristas do mundo." Se Bayreuth é religioso, Salzburgo aposta cada vez mais no marketing cultural. Mortier não se intimida com as pressões de seu arqui-rival, o regente italiano Claudio Abbado, diretor do Festival de Páscoa de Salzburgo. Abbado pretende tomar o poder do Festival de Verão para restaurar a ordem imposta por Karajan nos anos 50. Mortier se diz progressista. ``Ou o festival se renova ou ele está destinado à extinção", proclama. ``Karajan está morto". Texto Anterior: Vida não precisa de significação Próximo Texto: Espanhol Bigas Luna alterna grosseria com sensibilidade Índice |
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