São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 1995![]() |
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Edward Hopper pinta imaginação americana
LUÍS ANTÔNIO GIRON
Uma série de eventos reavalia nos EUA a obra e a contribuição do artista para a fundamentação do chamado imaginário americano. O Museu Whitney de Nova York abriga até 15 de outubro duas mostras sobre a obra do pintor que se devotou ao figurativismo em plena vigência do abstracionismo e encantou os rivais estéticos pelas cores e a composição. Hopper afetou o cinema dos anos 40 e 50 e a arte pop dos 60. As duas exibições querem lhe dar a condição de demiurgo. Uma, ``Edward Hopper e a Imaginação Americana", enfeixa 64 telas. Para a curadora, Deborah Lyons, estas representam imagens basilares da visão de mundo americana e revelam diálogo com escritores. Poemas e narrativas se inspiraram em Hopper. Outros, lhe forneceram um fio metodológico. A segunda exibição, ``Hopper e o Cinema Americano", traz 21 filmes. Aqui também a mão é dupla. Hopper ia ao cinema e vice-versa. Para completar o revisionismo, acaba de sair o catálogo racional da obra do artista, organizado pelo crítico Gail Levin. Em 20 anos de pesquisas, Levin catalogou e analisou quase 3 mil telas de Hopper. Levin escreve o ensaio do catálogo da exposição e antecipa ali um capítulo da biografia sobre o pintor, a sair em setembro. Levin analisa corrente de paródias de Hopper feitas por artistas atuais. O tema condutor do pintor está na solidão. Pinta estradas e cidades desérticas, as figuras humanas geralmente flagradas em janelas ou surpreendidas em ações cotidianas. Seu vocabulário visual se baseava nos ângulos retos e no descentramento da composição. A pincelada regular se soma à utilização obsessiva de cores básicas e à luz intensa, quase renascentista. Mesmo os expressionistas abstratos Marc Rothko (1903-1970) e De Kooning, 91, lhe elogiaram a simetria. ``Odeio as diagonais, mas gosto das de Hopper", disse Rothko. ``É o único pintor americano que poderia pintar a Merrit Parkway", disse De Kooning, referindo-se ao quadro da vazia estrada de Connecticut. ``Nenhum outro pintor imprimiu tanto sua marca na maneira como representamos o mundo", diz a curadora. ``A economia de meios e o desconforto com o corpo humano ecoa nos textos de Norman Mailer e Paul Auster." Seguidor de Emerson, Hopper buscou furar a superfície do olho para fazer aflorar o sentido misterioso dos objetos. Hoje esse mistério é reproduzido em camisetas. Texto Anterior: 'Angels in America' tenta driblar perigos Próximo Texto: Cineastas se inspiraram nas telas do artista Índice |
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