São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dianne Reeves canta Caymmi em novo disco e quer conhecer a Bahia

CARLOS CALADO
ENVIADO ESPECIAL A MONTREUX

Ela foi a estrela da noite promovida pelo selo Blue Note, anteontem, no Montreux Jazz Festival. A cantora norte-americana Dianne Reeves acaba de lançar um novo álbum, que está chegando ao mercado brasileiro.
Entre standards jazzísticos e canções mais próximas do pop, Dianne também interpreta, cantando em português, a belíssima ``Sargaço Mar" (de Dorival Caymmi), com participações de Dori Caymmi (violão) e Airto Moreira (percussão). Pouco antes de se apresentar em Montreux, Dianne falou à Folha sobre o álbum ``Quiet After the Storm" e seus próximos projetos.

Folha - Como você decidiu gravar ``Sargaço Mar"?
Dianne Reeves - Dori Caymmi mostrou-a para mim, logo depois de gravá-la. Mesmo sem saber do que ela falava, já a achei muito bonita. Então Dori me explicou o que o pai dele queria dizer e eu fiquei mais impressionada ainda.
Folha - Dori a ajudou no português? O sotaque ficou bastante razoável ...
Dianne - Sim, pratiquei bastante com Dori e sua mulher, Helena. Como cantei durante algum tempo com Sérgio Mendes, acho que ficou mais fácil.
Folha - O que você diria aos críticos que cobram mais jazz em seu repertório?
Dianne - Bem, essas pessoas esquecem que cantoras como Sarah Vaughan e Carmen McRae também interpretaram música popular, gravaram com naipes de cordas e cantaram música brasileira, entre várias coisas.
Eu gosto de ouvir jazz, rhythm & blues, Motown, música brasileira e todas essas influências aparecem no que eu faço. Acho que minha música não deve ter limites.
O mais engraçado é que os críticos de jazz costumam dizer que eu sou muito pop e os sujeitos do pop dizem que eu sou muito ``jazzy" (risos). Mas eu vou continuar cantando do meu jeito.
Folha - Como você escolhe uma canção?
Dianne - Em geral, pela letra. Foi por essa razão que eu escolhi ``Sing My Heart" (de Arlen & Koehle), a última deste álbum. Senti algo muito humano nela e isso funciona muito. Acho que posso cantar melhor as canções com as quais eu realmente me identifique. Para mim, o primeiro contato é quase sempre com os versos da canção.
Folha - Você já está pensando em algum novo projeto?
Dianne - Sim, já estou trabalhando em um projeto muito especial para a Blue Note. Ainda não tem nome, mas será um álbum em que vou cantar com pessoas com as quais eu sempre quis trabalhar: músicos como Ray Brown, Clark Terry, Harry ``Sweets" Edison e Milt Hinton. A idéia é gravar com pelo menos quatro diferentes seções rítmicas. Deve sair em 96.
Folha - Algum plano de voltar ao Brasil?
Dianne - Conheci São Paulo e Rio no Free Jazz, mas várias pessoas já me disseram que preciso conhecer a Bahia. Não vejo a hora de ser convidada.

O jornalista CARLOS CALADO viaja a Montreux a convite da Polygram e da Warner.

Texto Anterior: `Camarim' não se decide pelo besteirol
Próximo Texto: Atrações internacionais do festival se apresentam a partir de hoje
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.