São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995 |
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"Podemos retomar os critérios de Bobbio (*) e aceitar que a esquerda orienta-se por um sentimento igualitário e a direita aceita a desigualdade como natural O debate sobre o alcance do ideal da igualdade não morreu, embora tenha se tornado mais concreto, voltado para problemas de gestão A democracia e a defesa dos direitos humanos tornam-se referencial necessário do progresso Disso derivam várias consequências. A mais evidente é a de que os atores sociais passam a valer igualmente na arena política e não existem mais `demônios' a serem eliminados, como a burguesia na perspectiva marxista tradicional. Não existe imposição ideológica. Deve haver abertura e tolerância O que são privilégios em uma sociedade de contrastes? Na visão tradicional da esquerda, o privilégio se identificava com uma classe, com os ``ricos". Agora, a perspectiva deve ser mais cuidadosa e os empresários têm um papel no desenvolvimento. Há desigualdades aceitáveis, quando existe uma rede mínima de proteção do cidadão O ideário associado à direita também evoluiu, incorporando políticas públicas compensatórias para atenuar as desigualdades mais flagrantes Importante para o funcionamento da economia é não tanto a diferença entre ricos e pobres, entre capitalistas e assalariados, mas entre setores sociais organizados, que incluem importantes setores das classes trabalhadoras e médias, e setores não-organizados E esse é o desiderato da social-democracia. Ela reconhece que o esforço de crescimento econômico é condição para o bem-estar social" Trechos da aula de Fernando Henrique Cardoso na Universidade de Coimbra (*) Norberto Bobbio, cientista político italiano Texto Anterior: Sociólogo português questiona presidente Próximo Texto: Maciel celebra aniversário em dia tranquilo Índice |
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