São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Parede cai sobre carros e mata 7 em SP

AURELIANO BIANCARELLI; CHRISTIAN CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma parede de 7 metros de altura por 100 metros de comprimento desabou ontem sobre nove veículos, matando sete pessoas e ferindo outras quatro.
O acidente ocorreu na avenida do Estado -bairro do Ipiranga, zona sul de São Paulo. No momento da queda, 13h15, uma forte chuva de granizo atingia a região.
Cerca de 175 toneladas de tijolos caíram sobre as três faixas da pista centro-bairro da avenida.
Os carros mais próximos da parede foram atingidos por cerca de 600 kg de tijolos. ``Foi um estrondo e depois um silêncio. Ninguém gritou", disse o motorista Nilson Irineu dos Santos, 54, que teve metade da cabine de seu caminhão afundada.
Os corpos foram retirados das ferragens pelo Corpo de Bombeiros. Uma Brasília transformou-se em uma placa de meio metro de altura. Escavadeiras e guinchos levaram mais de quatro horas para retirar os carros e o entulho.
O trânsito -que ficou congestionado em toda a região- só foi liberado às 19h30.
A parede que caiu era uma das poucas estruturas que restavam da antiga fábrica de papel Simão, desativada há três anos.
A obra, em demolição, deve dar lugar a um supermercado. Responsáveis pelas empresas demolidoras informaram negaram responsabilidade no acidente (leia ao lado).
Carlos Alberto Venturelli, diretor do Contru -órgão da prefeitura que fiscaliza os imóveis-, disse que a ``prática de demolição utilizada era inadequada".
``Era como se fosse uma folha de papel em pé. Um vento derrubava. Não havia estruturas de apoio." Segundo Venturelli, o Contru só fiscaliza imóveis que estão em uso.
Toda a parte interna da fábrica já havia sido demolida. Restavam a parede que caiu e a dos fundos, também ameaçada de vir abaixo. Essa parede, que dá para a rua do Manifesto, será demolida hoje. Parte da rua foi fechada pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
O administrador da Regional do Ipiranga, Domingos Dissei, 42, disse que a obra estava regularizada junto à prefeitura.
Segundo ele, o alvará de demolição foi concedido em janeiro passado. ``Uma vez verificada a existência do alvará, termina nossa responsabilidade", disse. ``Não nos interessa a maneira como estão demolindo. A responsabilidade é do particular."
(Aureliano Biancarelli e Christian Carvalho)

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