São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995 |
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Perícia afirma que armas são usadas no exterior CLÁUDIA MATTOS CLÁUDIA MATTOS; RUI NOGUEIRA
Coordenador de Reportagem da Sucursal de Brasília A perícia da PF (Polícia Federal) concluiu que parte das 369 armas apreendidas no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro está em uso por exércitos estrangeiros. Com o resultado da perícia, a PF afirmou que a importação, feita pela ABCA (Associação Brasileira de Colecionadores de Armas), infringiu a portaria do Ministério do Exército 312/89. A portaria, que regulamenta a atividade de colecionadores de armas e munições, diz que ``não é permitida ao colecionador a aquisição de armas em uso pelas Forças Armadas estrangeiras, exceto aquelas similares às já desativadas pelas Forças Armadas Nacionais". Segundo o Ccomsex (Centro de Comunicação Social do Exército), a importação foi legal e seguiu a portaria 312/89. A mesma portaria proíbe a importação de armas automáticas fabricadas após 1945. As armas automáticas disparam rajadas de tiros com uma única pressão no gatilho. Já as semi-automáticas disparam um único tiro cada vez que o gatilho é apertado. A Folha apurou que o Exército abriu os caixotes com as armas e checou que todas correspondiam às especificações da importação, que previa a compra de armas semi-automáticas e hoje obsoletas. Os caixotes foram lacrados e depois, por decisão da 4ª Vara da Justiça Federal (RJ), recolhidos ao arsenal do Exército no Rio. Segundo a perícia, 58% dos exércitos mundiais usam o fuzil AK-47. A pistola GP-35 é arma dos exércitos canadense e inglês. A carabina Tokarev é usada em países africanos e em Cuba. O AK-47 foi importado em duas versões pela ABCA, com conhecimento do Exército. Segundo o Ccomsex, há vários modelos do AK-47 e, no caso das armas importadas, todos são semi-automáticos e mundialmente fora de uso. A perícia da PF diz que os fuzis AK-47 e M-14 importados têm um dispositivo que os tornam semi-automáticos, mas originalmente são feitos na versão automática. As pistolas Tokarev e GP35 e a carabina Simonov só existem em versões semi-automáticas. A Procuradoria da República no Rio pediu à Justiça Federal que solicite novamente ao Exército toda a documentação da importação. O objetivo é saber se houve má-fé dos colecionadores, que teriam iludido o Exército, e por que o Exército autorizou a operação. Texto Anterior: Empresa nega responsabilidade Próximo Texto: Metralhadora é apreendida Índice |
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