São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Sarney ataca taxa de juro 'astronômica'

DA AGÊNCIA FOLHA EM BELO HORIZONTE

Nem que os agricultores plantassem ouro, teriam condições de pagar suas dívidas, diz ex-presidente em MG
O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP) criticou ontem em Belo Horizonte (MG) a política de juros altos e o programa de privatização do governo FHC.
Durante debate na Associação Comercial de Minas, ele saiu também em defesa dos agricultores.
"É impossível para o agricultor ou para qualquer outro segmento continuar convivendo com esses juros astronômicos que estão sendo praticados. Nem que o pessoal plantasse ouro, teria condições de pagar seus débitos", disse.
Sarney afirmou que o governo deveria buscar outros instrumentos de monitoramento da economia que não sejam mais as taxas de juros e de câmbio, para evitar recessão. Ele não disse que instrumentos seriam esses.
"Eu, como ex-presidente, digo que não é fácil baixar rapidamente os juros. Portanto, não vamos criar ilusões de que vão derrubar os juros. O governo caiu em duas armadilhas. O juros é uma delas. A outra é a taxa de câmbio, que está provocando um efeito nocivo para a economia. Por um lado, as exportações tornaram-se mais baratas e, por outro, a abertura das importações gerou uma competição interna que desorganiza a economia e penaliza (sic) os produtores."
Sarney disse que o problema na agricultura "é mais sério" que a dívida do setor.
"A coisa é mais profunda. Não é só dizer que os agricultores querem se beneficiar ou deixar de pagar. Temos que ter uma política agrícola, que ofereça preços mínimos e subsídios para que os produtores possam plantar", disse.
O ex-presidente afirmou também que é contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce. "Com sua venda, vamos apenas possibilitar a criação de um oligopólio à custa de pouco dinheiro".

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