São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Santa Casa inova para se libertar do Estado

DA FOLHA VALE

A Santa Casa de São José dos Campos implantou um sistema pioneiro de administração capaz de livrar a instituição da dependência de verbas públicas e doações, principais fontes de recursos das entidades beneficentes.
Adotando métodos de gerenciamento típicos de empresas privadas, a Santa Casa começa a gerar recursos próprios que permitem aumentar o número e a qualidade dos atendimentos.
``A idéia de que as santas casas devem ser sempre subsidiadas pelo governo está superada", diz o provedor da Santa Casa de São José, Luiz Roberto Monteiro Porto, 49.
Com atrasos no repasse do pagamento pelo Ministério da Saúde por serviços prestados ao SUS (Sistema Único de Saúde), a maioria das santas casas do Estado não tem verba para pagar funcionários em dia e comprar medicamentos.
As iniciativas em São José estão sendo consideradas como modelo capaz de amenizar a crise financeira dos hospitais filantrópicos.
Por meio de um sistema de parceria com grupos de médicos, por exemplo, pelo menos dois novos centros médicos especializados estão sendo criados na Santa Casa de São José com equipamentos de última geração.
O Centro de Imagens e a enfermaria para tratamento de câncer infantil foram equipados com investimento de cerca de US$ 3 milhões feito por médicos.
O setor de hemodiálise, considerado um centro de referência do SUS, indicado como modelo de atendimento para o Vale do Paraíba, foi o primeiro do hospital a adotar as parcerias.
"As parcerias são uma maneira de aparelhar o hospital sem depender de verbas públicas", afirma Constantin Filipiadis, 49, diretor comercial da Santa Casa.
Com as parcerias, grupos de médicos repassam à Santa Casa verba para compra de equipamentos, instalados em espaços cedidos pelo hospital.
O pagamento recebido pelos serviços é dividido entre a Santa Casa e os médicos, em porcentagens que variam de 3% a 20% para o hospital.
No Centro de Imagens, um setor específico para exames radiológicos que deve ser inaugurado até o final do mês, nove médicos investiram US$ 2,5 milhões. A Santa Casa prevê receber mensalmente até R$ 25 mil pelos serviços prestados no setor.
O grupo de médicos também pagou a construção das salas do centro, em área do hospital.
No início de julho, um grupo de quatro médicos inaugurou na Santa Casa uma enfermaria para tratamento de câncer infantil.
A enfermaria custou cerca de R$ 50 mil. O grupo já investiu R$ 500 mil em capacitação do setor.
A Santa Casa também lançou há um ano um plano de saúde que já tem 7.000 associados e rende R$ 30 mil por mês ao hospital.

Texto Anterior: Ex-dependente quer ser modelo
Próximo Texto: Governo pára de financiar construção de novo prédio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.