São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Ex-dependente quer ser modelo

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

P.S.R, 14, é conhecida na turma como a ``Priscila da rocha", tal a quantidade de crack que já fumou. Saiu de casa para uma creche com 5 anos, porque a mãe não podia cuidar dela.
Priscila é bonita e sabe imitar o charme das passarelas. Está a um passo da prostituição, mas abandonou o crack e quer ser modelo.
``Fiquei internada por dois anos e parei. Sou dona de mim. Quero fazer um curso de modelo e mostrar o que sou capaz."
Priscila é precoce no abandono e na violência. Aos 9 anos saiu da creche para as ruas e passou a roubar e traficar para sobreviver.
No início, aprendeu com meninos do parque D. Pedro 2º e do Brás a bater carteiras. Olhava os pedestres distraídos que acabavam perdendo suas carteiras e relógios. Depois passou a vender drogas.
``O traficante me passava 20 pedras. Dez eu tinha que vender, dez eram minhas. Era bico. Eu vendia todas em poucas horas e aí me trancava uma noite inteira, fumando sem parar."
``Priscila das pedras" diz que esse tempo passou. É uma das voluntárias do SOS Criança e terminou um curso de datilografia. ``Quero arrumar um pensionato, voltar para a escola e fazer um curso de modelo. Vocês ainda vão me ver nas passarelas."
(AB)

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