São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Maluf aposta no PAS para reverter situação

CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria relativa dos eleitores paulistanos (37%) quer que o próximo prefeito priorize os investimentos em saúde. É o que indica pesquisa do Datafolha realizada em junho.
Além dos eleitores de São Paulo, os entrevistados de outras cinco das 11 capitais onde foi feita a pesquisa apontaram a área da saúde como prioridade (leia texto ao lado).
Em 1992, antes da posse do prefeito Paulo Maluf (PPR), o principal problema da cidade -de acordo com o Datafolha- era a segurança (22%). Agora, apenas 13% dos entrevistados citaram a segurança -que é de competência da esfera estadual- como um setor que deveria ser priorizado.
Para Maluf, a pesquisa indica que o governo municipal está no caminho certo. ``Toda a nossa luta foi mostrar desde o início da administração que a população está insatisfeita com a saúde pública", afirmou o prefeito.
Ele disse que a crise na saúde não decorre da ``suposta" falta de recursos destinados para a área.
``Em São Paulo, nós investimos de US$ 400 milhões a US$ 500 milhões por ano em saúde", disse o prefeito. ``Mas esses recursos estão sendo investidos sem que haja uma contrapartida dos médicos."
Maluf acredita ser preciso introduzir uma ``unidade de medida" no trabalho dos médicos. ``Temos que saber quantos atendimentos eles fazem em um dia, quantas cirurgias", argumentou.
Em junho, Maluf enviou à Câmara o projeto de lei que cria o PAS (Plano de Atendimento à Saúde). O plano prevê a transferência da rede municipal para o controle de cooperativas de médicos licenciados da prefeitura.
Cada cooperativa receberá R$ 10,00 por paciente cadastrado. ``O médico não vai mais receber um salário fixo", afirmou o prefeito.

Sindicato
José Erivalder Guimarães de Oliveira, diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo, afirmou que a pesquisa reflete o caos pelo qual passa a saúde.
``As unidades básicas estão sendo desativadas por falta de recursos humanos", afirmou Oliveira. Para ele, a prefeitura investe muito menos em saúde do que costuma divulgar.
``Dos 615 milhões do Orçamento de 95 destinados à saúde, a prefeitura só gastou até agora US$ 69 milhões", disse o sindicalista. Segundo ele, o PAS vai trazer a noção de lucro para a rede pública e piorar as coisas.

A pesquisa Datafolha é um levantamento estatístico por amostragem estratificada por sexo e idade. Nesse levantamento foram entrevistadas 5.152 pessoas em 11 capitais. O Datafolha é dirigido pelos sociólogos Antônio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi.

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