São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Banco Central vai emitir títulos longos

Objetivo é `enxugar' excesso de reais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O BC (Banco Central) prepara um alongamento dos prazos dos seus títulos, de um mês para até 70 dias.
Serão lançados na terça-feira R$ 8 bilhões de BBCs (Bônus do Banco Central), divididos em quatro lotes de R$ 2 bilhões cada. Os prazos são de, respectivamente, 49, 56, 63 e 70 dias.
Antes, os prazos ficavam entre 30 e 35 dias, com exceção de um lote de 56 dias.
A iniciativa do BC tem dois objetivos: 1) ``enxugar" a quantidade excessiva de reais que estão sendo emitidos graças ao crescimento da entrada de dólares; e 2) preparar o mercado para os novos fundos de investimento.
O governo quer aumentar a venda de BBCs este mês porque comprou cerca de US$ 4 bilhões para sustentar as cotações do dólar no mercado comercial (exportações e importações), entregando reais aos bancos em troca.
Com isto, o volume de moeda na economia subiu muito, o que é considerado inflacionário.
Para compensar, o BC deverá recolher reais, entregando títulos aos bancos em troca.
Mas a venda de títulos deverá ficar abaixo dos US$ 4 bilhões que o BC comprou -resultado mesmo assim em aumento do volume de moeda.
No caso do alongamento dos prazos, seguindo o caminho das medidas adotadas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) na última quinta-feira, os BBCs mais longos vão servir de lastro (garantia) para as aplicações nos novos fundos, que pagam mais para quem fica aplicado mais tempo.
É o aumento do prazo dos títulos que pode possibilitar a volta dos empréstimos de longo prazo.
Hoje, os empréstimos de longo prazo não interessam aos bancos privados. Eles podem emprestar ao governo com prazo de 30 dias, sem nenhum risco de inadimplência e com juros altos. Por isso, qualquer empréstimo de maior prazo só é feito (quando feito) com taxas elevadíssimas.
O BC também dará outro sinal para demonstrar que quer aumentar o prazo das aplicações, utilizando a taxa de juros.
O BC pode alongar a dívida passando a aceitar o pagamentos dos juros altos apenas para os títulos de prazo mais longo.
A idéia é caminhar para um cenário parecido com o das economias desenvolvidas e estáveis. Os juros aumentam conforme o prazo da aplicação. As aplicações de curto prazo podem, em tese, até pagar juros negativos. Isto é, abaixo da variação da inflação.

Texto Anterior: BNDES registra recorde de financiamentos
Próximo Texto: Pastore critica novo fundo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.