São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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O jardim suspenso vira jardim suspense

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, enquanto o bandoneón executa o tango ``mano a mano" dançado pelo don Dieguito Maradona e pelo velho Lobo do futebol Zagallo, a bola toma o seu prozac para diminuir a alta ansiedade das magnéticas.
Quanto mais quente melhor. O futebol entra em clima hitchcockiano. Em atmosfera de filme noir. Tô sentido o maior clima. Eu decido, você decide.
Hoje não teremos o jardim suspenso. Hoje teremos o jardim suspense. Hoje teremos o jardim das delícias lá nos últimos dias da Pompéia, a terra prometida dos roqueiros de essepê.
E quem anda com cara de quem está querendo aprontar é o dom Pedro ``Rôtcha" (como se diz em brasilguaio), como se viu nos bastidores do programa do Alberto Helena da nossa equipe de júniors.
O ``Rôtcha" jogador fazia mais a linha sério-oriental (você sabia que os uruguaios, em partidas do passado, eram chamados de orientais? Se eles são orientais, o que será a seleção do Japão?)
O ``Rôtcha" diretor técnico do neocarrossel caipira do Mogi Mirim virou um gozador, um brasileirão, alguém de bem com a vida. Alguém que está querendo aprontar (ô Carlos Alberto Silva, se cuida, meu filho!).
O ataque de última hora do verde que te quero verde tem experiência suficiente para resolver engolir o sapo (no bom sentido, é claro) hoje na São Paulo que não é mais da garoa, é do granizo mesmo.
Até agora quase não marcou gols, mas o time é de chegada e foi montado para a chegada. Joga na cozinha da sua própria cantina. Portanto, tem tudo para se habilitar para participar da grande final.
Mas, todo o cuidado com o harmonioso conjunto arquitetado pelo grande ``Rôtcha" e seu exímio solista, o Lino, aliás, o primeiro vio-Lino do time.
Domingo, muito além do jardim suspenso, o suspense vai para a festa do interior onde o futebol da capital e o futebol do litoral agendaram um compromisso para, com os galos, tecer a manhã.
E jogador de futebol é mesmo como sambista: tem muito sono de manhã. Está todo mundo contra o trem das 11 lá ao lado da Anhanguera, em Limeira.
O Santos está maroto, está funkeiro, está esperto na parada. Adoraria a molecagem de parar o Corinthians, que não anda perdendo nada e terá a volta do Viola minha Viola plangendo na festa do grandioso interior dos bandeirantes.
Portuguesa e Corinthians foram os melhores time dos torneio. O alvinegro anda por aí cheio de moral e ganhando tudo, até o que parecia que não ia ganhar. E a Fiel estará lá de novo cantando ``me dê a mão, me abraça" para o Túlio Maravilha.
E sobre o Brasil e o Uruguai, uai? É o seguinte: no campo, em condições normais de jogo, dá Brasil. Mas, 1) é preciso saber como o time reagirá psicologicamente diante do mitológico Centenário lotado e 2) lembrar que o Uruguai está ressentido e precisa tirar um atraso internacional de muitos anos.
Quem é até agora? O rei Roberto ``eu sou terrível" Carlos, que vai para a Inter, que não é a de Limeira, e o Pequeno Grande Júnior, o kid mais para cima do futebol brasileiro dos últimos tempos.

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