São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Tutano

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Na última terça-feira, vi Stirling Moss, um dos maiores pilotos ingleses da história, prostrado em um corredor de avião. Seguia para o enterro de Fangio, o rival que nunca conseguiu superar.
A tristeza de seus olhos traduziu perfeitamente a perda do homem que era feliz -como bem concluiu Janio de Freitas.

E os robozinhos descobriram que, às vezes, a solução é jogar o carro em cima. Mas, para fazer isso, é preciso um pouco de tutano.
Schumacher tem. Hill não tem. Barrichello ainda usa pouco. Blundell não merece comentários.
A atuação de Hill em Silverstone foi lamentável. Como em Adelaide, no ano passado, se lambuzou com a doce perspectiva da vitória. E pôs tudo a perder.
No caso de Barrichello, ficou uma dúvida -não esclarecida pela TV. Blundell parece frear e alterar a trajetória. Mas não dava para escapar da arapuca do inglês?
Não se pode condenar a vontade de Barrichello em querer ultrapassar na penúltima volta. Ainda mais quando o sujeito a ser superado se chama Blundell.
Condenável, sim, é a chata mania que o piloto brasileiro tem de querer justificar tudo, até quando não precisa. E isso acaba sendo contraproducente.
Como no caso das largadas. É a terceira vez na temporada que ele é punido por queimar. E teima em culpar o tal fiscal eletrônico.
Gary Anderson, seu projetista, foi claro: ``A maioria dos pilotos larga e não queima. Portanto, o sistema funciona".
Não estou sendo gratuito. Imagine até onde ele poderia chegar se não tivesse que parar para cumprir punições, tanto na Inglaterra, como na França.

A temporada de especulações começou forte desta vez em Silverstone. A corrida inglesa, tradicionalmente, é o ponto inicial da boataria.
De concreto, o que já se sabia. Só depois de Schumacher assinar é que o resto se ajustará.
E o alemão prometeu a decisão para o final de agosto -posso queimar a língua, mas duvido.
Se a história acabasse hoje, Schumacher ficaria na Benetton, Alesi iria para a Williams. E a Ferrari teria que achar alguém para correr ao lado de Berger.
Mas Alesi na Williams significa a permanência da Renault no time. E já tem gente dizendo que existe a hipótese de Frank Williams assinar com a Ford, seduzido por um novo propulsor V10.

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