São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Russos e tchetchenos anunciam acordo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Rússia e a Tchetchênia assinam hoje acordo para definir os termos da paz na república separatista. O documento não traz detalhes sobre o que irá acontecer.
"Hoje (ontem) nós chegamos a um acordo em princípio sobre a principal questão, o status da república", afirmou o chefe negociador russo, Viacheslav Mikhailov, em Grozni (capital tchetchena).
Segundo a agência de notícias alemã "DPA", o documento a ser assinado hoje deve reconhecer a Tchetchênia como um país independente. Nenhum dos lados confirmou a informação.
Os russos invadiram a Tchetchênia em dezembro passado para reprimir a intenção do governo de Djokhar Dudaiev de se separar totalmente da Federação Russa.
A guerra decorrente da invasão matou, segundo estimativas de entidades pró-direitos humanos russas, mais de 25 mil pessoas.
Em junho, com a guerra urbana perdida, os tchetchenos partiram para uma audaciosa ação de guerrilha. Um grupo ocupou o hospital central de Budennovsk, cidade do sul da Rússia, em operação que matou 121 pessoas, e manteve 2.000 reféns.
Depois de ameaçar matar os reféns, o grupo conseguiu a interrupção dos ataques russos na Tchetchênia e pôde voltar ao país. Isso forçou a volta das negociações, culminando no acordo que será assinado hoje.
O governo russo já havia anunciado sua intenção de dar maior autonomia à república, mas até agora não falou em independência total. Os negociadores de Moscou querem que medidas práticas só sejam adotadas após as eleições na república separatista, previstas para antes do fim do ano.
Até lá, pelo plano russo, um interventor nomeado pelo Kremlin assumiria o governo.

Ieltsin
O presidente russo, Boris Ieltsin, terá alta na semana que vem e vai para uma clínica de repouso, afirmou ontem a agência de notícias russa "Itar-Tass".
Ieltsin está se recuperando em uma clínica de Moscou de um ataque cardíaco ocorrido há dez dias.
Ontem, a Duma (assembléia equivalente à Câmara dos Deputados brasileira) aprovou resolução pedindo que Ieltsin cobre do primeiro-ministro Viktor Tchernomirdin a não-realização das metas econômicas e políticas anunciadas pelo presidente em sua última mensagem anual.
O presidente do Parlamento russo, Ivan Ribkin, anunciou ontem a formação de um bloco partidário de centro-esquerda.
A idéia, que tem o apoio de Ieltsin, é criar a médio prazo um sistema político bipartidário, nos moldes do que acontece nos EUA.
O plano do governo, ao incentivar a criação do bloco, é neutralizar a influência de radicais comunistas e nacionalistas nas próximas eleições.
O primeiro-ministro Tchernomirdin já criou um outro bloco, de centro-direita, chamado Rússia Nosso Lar, com apoio de Ieltsin.
Ribkin disse que tentaria a adesão do Partido Agrário, um dos mais populares do país hoje.
O líder do partido, Mikhail Lapshin, disse que pretende concorrer às eleições como uma força independente. O Partido Agrário faz oposição ao governo de Ieltsin.

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