São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Bósnios ameaçam matar reféns

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As forças do governo da Bósnia que resistem no encrave muçulmano de Zepa ameaçaram ontem matar cerca de cem soldados da ONU que estão sob seu poder em um quartel no norte da cidade.
Ontem, os sérvios bósnios recomeçaram os ataques para completar a ocupação do encrave e acabar de evacuar os civis muçulmanos -como fez com 30 mil pessoas na área protegida de Srebrenica na semana passada.
O comandante militar Ratko Mladic havia anunciado na terça-feira a queda de Zepa, mas ainda há resistência.
As tropas bósnias dizem que todos os soldados da ONU, que são ucranianos, serão mortos caso a Otan não ataque os sérvios bósnios a pedido das Nações Unidas.
Três jornalistas e um militar (britânicos) foram tomados como reféns em Vares, na Bósnia Central, por forças muçulmanas. Segundo o jornal inglês "The Independent", o Ministério da Defesa do Reino Unido ainda não sabe os motivos da prisão.
Na capital bósnia, Sarajevo, quatro pessoas morreram e sete foram feridas devido à explosão de um morteiro na periferia da cidade. Os ataques de franco-atiradores sérvios continuaram durante o dia.
Forças da "República Sérvia da Krajina", região da Croácia ocupada pelos sérvios do país, invadiram o noroeste da Bósnia e tomaram a cidade de Sturlic, localizada a 20 km de Bihac, sede de outra área protegida pela ONU.
Em Sturlic, cerca de 12 mil civis fugiram de suas casas. Não há dados sobre mortos ou feridos.
Os sérvios da Croácia e milícias muçulmanas rebeldes, contrárias ao governo bósnio, voltaram a atacar Bihac ontem. Cinco crianças morreram em explosões.
Segundo o primeiro-ministro bósnio, Haris Silajdzic, Bihac está na iminência de cair. "É estranho o Ocidente falar em Gorazde (encrave cuja defesa foi considerada ponto de honra pelos aliados ocidentais) quando Bihac está sendo atacada", afirmou Silajdzic.
A Croácia ameaçou intervir militarmente caso o encrave seja tomado pelos sérvios croatas.
Os ataques no encrave de Gorazde prosseguiram, sem vítimas.

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