São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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A fé e a festa _Comla 5

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Belo Horizonte, de 18 a 23 de julho, tornou-se para os católicos a capital missionária. As comunidades prepararam-se, com exemplar eficiência, para a realização do 5º Congresso Missionário Latino-Americano (Comla 5).
A fé e a festa marcaram a celebração de abertura, na tarde de 18 de julho, presidida pelo representante oficial do papa João Paulo 2º, cardeal Josef Tomko. Compareceram 25 mil pessoas ao ginásio do Mineirinho. Entre os 3.500 delegados e convidados de 47 nações, contam-se 5 cardeais, 146 bispos, 746 sacerdotes, 56 diáconos, 651 religiosos e religiosas. A Liturgia Eucarística, em clima de profunda oração, revestiu-se de notável beleza. O coral de 700 vozes, 200 crianças e adolescentes, com gestos e danças abrilhantaram a cerimônia. Foi solene a entrada da palavra de Deus, ofertada em procissão ao som da Congada, revivendo com emoção a herança cultural mineira.
O arcebispo d. Serafim Fernandes comunicou a mensagem do papa João Paulo 2º lembrando a promessa que fez em 1980: ``Há 15 anos, prometi aos jovens de Belo Horizonte: o papa não os esquecerá nunca mais! Revejo as montanhas e a cidade: que belo horizonte. Mas, sobretudo, vejo o seu entusiasmo e sua partida, após esse congresso, animados pelo Espírito Santo e sob a proteção de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina, em direção aos novos e belos horizontes da missão".
Eis aí o sentido deste congresso continental: valorizar a dimensão missionária de toda vocação cristã e, em especial, fomentar entre os jovens a missão ``ad gentes", ou ``além fronteira", para que a América Latina e o Caribe possam partilhar com outros continentes algo de sua rica experiência evangelizadora e pastoral. Com efeito, até hoje temos recebido generosa contribuição de missionários de outros países. É chegado o momento de restituir os benefícios da fé, levando a outros, especialmente à África, a nossa colaboração fraterna. As estatísticas indicam a conveniência deste apelo missionário. Na América Latina encontram-se mais de 40% dos católicos; no entanto, as igrejas de nosso continente contribuem apenas com 1,5% dos 200 mil sacerdotes religiosos e leigos católicos que no mundo inteiro anunciam o Evangelho para além das fronteiras.
No centro do estádio, havia uma enorme cruz sobre o globo terrestre, do qual se desprendia uma faixa levada ao alto pela pombinha da paz. O tema do congresso, ``Evangelho nas culturas, caminho de vida e esperança", vai permitir melhor compreensão do anúncio dos valores evangélicos que respeita e aperfeiçoa as culturas, oferecendo a todos os povos a mensagem de amor universal, de reconciliação, de superação do pecado e da morte que Jesus Cristo nos comunica. Na América Latina teremos que aprofundar o encontro do Evangelho com as culturas indígenas, afro-americanas e mestiças, bem como a cultura urbana da maior parte da nossa população.
A missão é um gesto de amor, de abertura ao outro. Trata-se de identificar em todas as culturas os sinais da presença e da ação de Deus e da partilha com os irmãos, a alegria e a festa da própria fé em Jesus Cristo. Anima-nos a certeza de que todos somos chamados, na diversidade das culturas, a conhecer e amar plenamente Deus, que se revela em Cristo, e a realizar esse mesmo amor entre nós. A missão está a serviço dessa esperança.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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