São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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Maior corretora dos EUA entra na Bolsa

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

A maior corretora de valores dos Estados Unidos, a Merrill Lynch, vai começar a operar diretamente no mercado acionário argentino.
Trata-se da segunda investida da Merrill Lynch no mercado de ações da América Latina neste ano. Em janeiro, tomou assento na Bolsa de Valores do México, no auge da crise econômica do país.
``Queremos colaborar com o desenvolvimento do mercado de ações argentino, que é um ponto crítico no crescimento dessa economia", afirmou Guillermo Reca, 40, presidente da Merrill Lynch argentino.
A instituição comprou a cota de ações da Bolsa de Valores de Buenos Aires -necessária para se estabelecer como corretora- no último dia 14. Pagou US$ 500 mil pelas ações.
Dessa forma, torna-se a primeira grande corretora (e banco de investimentos) norte-americana a participar diretamente do movimento na Bolsa argentina.
A expectativa no mercado acionário é de que outras instituições norte-americanas que mantém representação no país sigam a mesma tendência da Merrill Lynch.
Desde 1972, a instituição mantinha uma representação bancária na Argentina. As operações acionárias eram realizadas com a intermediação de corretoras locais.
Nos últimos dois anos, o Merrill Lynch conduziu transações da ordem de US$ 3 bilhões no processo de privatização da YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales), a antiga estatal de petróleo.
Também foi responsável por oferecer um crédito global de US$1 bilhão para o governo argentino e pela negociação de US$ 527 milhões em ações da estatal Transportadora de Gás do Sul.
``O retorno da bolsa argentina é grande em comparação com os riscos que impõe", afirma Reca.
``De acordo com as nossas pesquisas, esse mercado é o mais rentável entre os países em desenvolvimento", completa.
Em parte, isso se deve às taxas de juros locais, mais altas que as fixadas nos Estados Unidos.
Dessa forma, explica Reca, os bônus argentinos chegam a render 15%, enquanto os norte-americanos não ultrapassam os 10%.
Em nível mundial, a instituição financeira tem cerca de 100 milhões de clientes. Uma parcela deles deve ir para a Argentina, principalmente os fundos de pensão.
A entrada da Merrill Lynch não deve causar impacto imediato no mercado de ações argentino, justamente porque já realizava operações indiretas.
Mas sua presença colabora para aumentar a credibilidade do mercado acionário argentino.
``Quando aparecerem condições mais favoráveis no mercado, é possível que a Merrill Lynch traga um bom volume de investimentos", afirma Walter Fabian Morales, 26, analista na Consultores de Investimentos Acionários e Financeiros.

Brasil
A estratégia da Merrill Lynch de operar diretamente nos principais mercados acionários da América Latina envolve também as Bolsas de Valores brasileiras.
A instituição tem planos de retomar o perfil de distribuidora de títulos na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro até o final do ano.
Atualmente, a Merrill Lynch tem uma representação no Brasil e, como no antigo modelo argentino, se vale de corretoras locais para investir no mercado de ações.
Nos anos 80, a corretora já demonstrava interesse em deslocar os investimentos de seus clientes para os chamados países emergentes (com grande potencial de crescimento econômico).
A Merrill Lynch tornou-se célebre no mercado acionário mundial por manter um dos melhores departamentos de análise técnica de empresas com ações em Bolsas.

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