São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995 |
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Dívida externa deve chegar a US$ 162 bi
FLAVIO CASTELLOTTI
Segundo o documento, entre 1995 e o ano 2000, o México vai pagar a seus credores US$ 84,5 bilhões apenas em juros. O crescimento da dívida externa se deve, essencialmente, aos US$ 49 bilhões que o governo pediu emprestado para sobreviver ao choque da desvalorização cambial. ``O país está substituindo o déficit em conta corrente por um déficit externo insustentável", adverte o economista e consultor de empresas Ivan Molina. Em outras palavras: em 1994, o país registrou um déficit em conta corrente de US$ 25 bilhões (8% do Produto Interno Bruto) e quebrou, porque o déficit era financiado por capitais de curto prazo. Agora, diz Molina, o país pode explodir novamente, porque os serviços da dívida externa vão passar de 2,6% para 4% do PIB. O estudo, de fato, não é nada otimista. Prevê uma cotação de 7,15 novos pesos por dólar no fim do ano -o governo espera uma cotação ao redor de seis para um- e uma inflação de 60% em 95 -a expectativa oficial é de 42%. ``O problema do endividamento externo não é só financeiro, mas também político", alerta Molina. Assim como muitos economistas mexicanos, ele concorda com que a crescente dívida externa pode representar uma ameaça à soberania do país, à medida que compromete as decisões econômicas do governo com políticas de interesse estrangeiro. Para Molina, o endividamento externo representa ainda um grande obstáculo ao crescimento da economia. ``O governo vai gastar tanto com os juros da dívida que não vai sobrar dinheiro para investimento", explica. ``O setor privado mexicano, que poderia ocupar esse espaço, está atravessando sua pior recessão e não possui a capacidade produtiva necessária", diz. Nos EUA, o empréstimo ao México já está sendo usado de forma política. Esta semana, a Câmara de Deputados (liderada pelo Partido Republicano) aprovou um veto aos US$ 7,5 bilhões que ainda faltam ser entregues. Vários políticos do Partido Democrata afirmaram que a proximidade das eleições presidenciais suscita esse tipo de ação ``populista" no Congresso. Os republicanos, aproveitando a onda antiimigratória que domina os EUA, alegam que o governo deveria gastar o dinheiro dentro do país e não no exterior. Para tranquilizar os mercados mexicanos, o ministro da Fazenda, Guillermo Ortiz, disse que a medida ainda precisa passar pelo Senado e ser ratificada pelo presidente Bill Clinton, para entrar em vigor. Diz ainda que o país não precisa dos US$ 7,5 bilhões para saldar seus compromissos a curto prazo. Texto Anterior: Mutirão contra a recessão Próximo Texto: Maior corretora dos EUA entra na Bolsa Índice |
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