São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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Cecrisa sai da crise na busca por qualidade

Da Reportagem Local
O programa de qualidade na Cecrisa, empresa de pisos e azulejos em Criciúma, Santa Catarina, trouxe ganhos estimados de US$ 2,47 milhões em um ano - 93 para 94 - com a redução nos defeitos dos produtos fabricados e de US$ 1,108 milhão com a queda no total de perdas.
A afirmação foi feita por Luiz Alexandre Zugno, ex-gerente corporativo de qualidade total da empresa e atual gerente-geral da Portinari, unidade da Cecrisa.
Ele fez palestra na Folha sobre o tema “A experiência Cecrisa na implantação da Qualidade Total”, parte do ciclo a “Busca da Qualidade Total”.
Fundada em 1971, a Cecrisa possuía 18 unidades de vendas e nove unidades industriais, mas duas industrias estão sendo desativadas. “A produção das duas unidades foi substituída por quatro novas linhas colocadas nas outras unidades industriais”, explicou.
O faturamento em 94 da empresa chegou a US$ 197 milhões e a produção, a 40 milhões de metros quadrados ao ano. Detém 40% do mercado de azulejos brasileiros e 9% do de pisos, disse Zugno.
No primeiro semestre de 93, segundo ele, diretores, gerentes, conselheiros e o presidente visitaram empresas que estavam praticando programas de qualidade.
“Descobrimos que a qualidade total veio para ficar, não é só moda. As melhorias eram graduais e crescentes nas empresas onde era implantada”, afirmou.
Segundo Zugno, toda empresa que quiser sobreviver tem de partir para um programa de gestão de qualidade. “É um mal necessário, exigência do mercado.”
Foram feitas palestras para funcionários e contratada a consultoria da Fundação Cristiano Otoni.
O plano inicial de implantação da qualidade total elaborado foi revisado em dezembro de 93 e fechado em julho de 94. “É um plano de duração três anos, com nove blocos”, afirmou.
A Cecrisa optou por começar o programa de qualidade pela reorientação e gerenciamento de rotina, “o chão da fábrica”.
De acordo com Zugno, os procedimentos operacionais foram, inicialmente, descritos pelas “pessoas que trabalha no dia-a-dia da fábrica, pois elas é que sabem como fazer as tarefas”.
Depois, esses procedimentos foram levados para os escritórios de qualidade da empresa e formatados nos padrões do programa.
Zugno recomenda às demais empresas que façam como a Cecrisa e combinem esse programa com o “5S”, que “faz aparecer o que tem de gordura nos setores”.
O material desnecessário, conta, é reaproveitado em outra unidade, vai para o estoque ou é leiloado.
Só com “gorduras”, conta, a Cecrisa já fez dez leilões industrias, com os quais obteve US$ 1,4 milhão, vendeu US$ 1,7 milhão de bens inservíveis e reaproveitou US$ 750 mil em matérias-primas. “Ainda tem muito mais para acontecer.”
Para ele, também a consultoria frequente no início do programa e cursos para gerentes são recomendáveis.
A Cecrisa, conta Zugno, passou por dificuldades financeiras em 90 e 91 e chegou a pedir concordata, da qual “está saindo”.
“O programa de qualidade nos trouxe a consciência da crise. O medo da falência foi transformado em alavanca para a mudança.”

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