São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995 |
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Cientistas contestam Chirac
VINICIUS TORRES FREIRE
Chirac disse que as sete ou oito explosões no atol de Mururoa (Polinésia Francesa, oceano Pacífico) são tecnicamente necessárias e foram recomendadas por cientistas. Segundo o governo francês, os testes têm três objetivos. Duas explosões vão checar se o envelhecimento das armas não danificou seus detonadores ou provocou vazamento nas bombas. Uma explosão vai testar a eficácia de uma ogiva que vai equipar mísseis dos novos submarinos da frota estratégica francesa. As quatro últimas vão fornecer dados para o programa Palen (sigla de ``Preparação da limitação de testes nucleares"). Segundo os cientistas americanos Richard Garwin, Ray Kidder e Christopher Paine, em relatório divulgado pelo jornal ``Libération", a revisão do arsenal francês não necessita de novos testes. Garwin trabalhou em órgãos do governo americano no desenvolvimento e testes de armas atômicas. Seus dois colegas são conselheiros do Congresso americano. Todos estiveram em contato com autoridades francesas da área nuclear. ``Se o objetivo do programa nuclear francês é continuar a desenvolver novas armas atômicas, mais avançadas, os testes são indispensáveis", escreveram os americanos. E só nesse caso, explicaram. Se os testes são necessários só para desenvolver armas e devem continuar mesmo depois de 96, pode estar correta a hipótese de que a França esteja desenvolvendo armas de precisão, miniaturizadas. Segundo funcionários do programa nuclear, os franceses podem rever sua estratégia nuclear. Até hoje ela seria do tipo ``fraco contra o forte": serve para dissuadir uma potência mais forte de atacar a França, que, mesmo mais fraca, tem o poder de provocar consideráveis estragos. A nova política seria do tipo ``forte contra o louco": ditadores do Terceiro Mundo podem querer chantagear a França com ataques químicos, por exemplo. Uma arma precisa, que provoque estrago limitado, pode dissuadi-los. (VTF) Texto Anterior: Arsenal é o 3º do mundo Próximo Texto: China manipula suas estatísticas sobre economia Índice |
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