São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995 |
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China manipula suas estatísticas sobre economia The Independent TERESA POOLE
Num país onde as promoções e os bônus de um funcionário qualificado dependem da performance econômica, fraudar dados é uma tentação irresistível. Há até uma estatística indicando que nos últimos sete meses do ano passado, 70 mil estatísticas fraudulentas foram descobertas, das quais 20 mil mostravam ``espalhafatosas" falsificações de relatórios governamentais. Isso não impediu a escolha de Pequim (capital chinesa) como sede da 50ª Conferência Internacional de Estatística, em agosto. ``Extraia a verdade dos fatos", disse o líder chinês, Deng Xiaoping. O problema é conseguir dados confiáveis num país grande como a China, onde paira a suspeita de que dados locais distorcem os números totais do país. Neste ano, os objetivos do governo são baixar a inflação e crescer economicamente. As últimas estatísticas, da semana passada, indicavam bom resultado no índice de preços do consumidor de junho: 18,2% nos últimos 12 meses, bem abaixo dos 24.1%, em 1994. O Produto Interno Bruto cresceu cerca de 10% nos primeiros seis meses de 1995 comparado ao mesmo período em 1994. Mas o que inquieta os analistas ocidentais é a veracidade das estatísticas. Além das dificuldades práticas de adaptar uma economia vasta e centralizada à contabilidade, há ainda a distorção intencional. Zhang Sai, diretor do Escritório de Estatística do Estado, recentemente falou sobre a tendência de alguns governos locais e de funcionários públicos de apresentarem dados ``inflados" sobre produção industrial, reserva de grãos e lucro líquido dos agricultores. ``Outros subestimaram o crescimento da população, os investimentos e altas de preços", disse. Segundo Zhang, alguns funcionários querem exibir seus êxitos e obrigam outros a forjar os dados. Ao alterar os dados, os funcionários não são nada sutis. Zhang citou o exemplo da região rural de Anyang, na Província de Henan, que aumentou em um quarto os números da produção das suas empresas rurais. Na região de Julu, a produção industrial indicava aumento de 5,7%, quando, na verdade, houve queda de 4,9%. A Província Fujian, conhecida por seu rápido crescimento, afirmou ter descoberto 2.000 casos de irregularidades. Isso lembra o que aconteceu na China durante o Grande Salto, em 1958, quando comunas eram obrigadas a alcançar objetivos impossíveis de produção de grãos e de aço -e simplesmente falsificavam os dados para evitar recriminações. Um diplomata em Pequim afirmou que os dados da inflação anual não correspondem mais à variação nos doze meses, desde novembro de 1994, quando a inflação começou a cair. O governo diz que os dados foram calculados seguindo diferentes cestas de bens e serviços. Os dados indicativos da queda, afirma Pequim, são os mais precisos. Tradução Lise Aron Texto Anterior: Cientistas contestam Chirac Próximo Texto: McDonald's briga com verdes Índice |
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