São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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o homem de 700 mil dólares

O jogador de basquete Oscar Daniel Bezerra Schmidt chegou da Europa na mesma semana que Vera Mossa, para jogar pelo novo time do Corinthians. Mas as condições em que sua volta ocorreu são diferentes.
As saudades do Brasil tiveram pouca influência na decisão de Oscar, há 13 anos no exterior (foram 11 temporadas na Itália e duas na Espanha). A companhia constante da família é o motivo apontado para a ausência de nostalgia.
A volta à seleção brasileira -da qual se afastara há três anos-, por outro lado, teve papel fundamental.
Nas palavras do ala de 2,05 m de altura e 37 anos, a seleção e o basquete brasileiros vivem um "momento negativo". A presença do ídolo no país ajudaria a reverter a situação. Apesar dessa responsabilidade, Oscar rejeita o epíteto de salvador da pátria: "Isso não existe em esporte coletivo".
A má fase é de fácil constatação. Do último campeonato de São Paulo, Estado que tradicionalmente reúne as melhores equipes do país, apenas um jogo foi televisionado.
No sul-americano de seleções disputado neste ano o time nacional conseguiu o terceiro posto.
Posição bastante modesta para um país que conquistou um bicampeonato mundial nos anos 60 e derrotou -graças aos arremessos de Oscar- a até então imbatível seleção norte-americana no Pan-americano de Indianápolis (EUA), em 1987.
Os recentes resultados podem ser creditados, para Oscar, à "renovação radical" promovida no selecionado.
"Agora, teremos, ao menos na teoria, um time ideal, que mescla jovens e veteranos."
O plural "veteranos" tem razão de ser. Regressaram à seleção -que treina para o torneio classificatório das Olimpíadas de 1996, em Atlanta (EUA)- outros jogadores presentes à campanha de 1987, o pivô Israel e o armador Maury.
O técnico também será o mesmo de Indianápolis, Ary Vidal. Sua presença à frente da seleção é outro motivo para a volta de Oscar.
O jogador costuma classificar Vidal como inovador. O técnico sempre fez a apologia de uma tática por outros considerada suicida: a de centrar o jogo da seleção nos arremessos de longa distância, que valem mais pontos. Para Oscar, essa insistência nos chutes de três pontos virou lugar-comum, praticado até pelos fortíssimos times dos EUA.
Para atuar pelo Corinthians -que tenta refazer um supertime na categoria, a exemplo do que tinha na década de 60- nos próximos dois anos, Oscar receberá US$ 700 mil. Ao menos na melhoria dos salários, sua volta se assemelha à de Vera.

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