São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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velha aos 20

DO "EL PAÍS"

tradução de Claudia Gonçalves
Drew Barrymore viveu dez anos a mil. Virou estrela aos 7, quando atuou em "E.T.". Aos 9, era viciada em álcool e drogas. Aos 13, tentou se matar. Hoje, aos 20, não vê a mãe há quatro anos e não sabe do pai. Recém-libertada de um casamento armado, está no filme "Batman Eternamente". Ela conta como saiu do inferno: "Já vivi, vi e fiz de tudo".

Você está feliz?
Muito. Estou namorando há dez meses Eric (Eric Erlandson, guitarrista da banda Hole). Mas o verdadeiro motivo da minha alegria é que me divorciei daquele maldito (Jeremy Thomas, um galês de 32 anos). Eu e o Jeremy ficamos casados seis semanas. Ele precisava casar para poder continuar morando nos EUA. Fui burra em aceitar. Foi tudo uma ridícula mentira. Mas, depois que ele me bateu, eu disse: "Minha vida está fodida. Você já tem o que queria. Vou embora."
Como você conheceu Eric?
Em Los Angeles, na porta de um club. Eu tinha saído do club para vomitar. De repente, senti uma mão em meu ombro. Eric ficou me observando, preocupado por eu estar sozinha em um bairro perigoso. Encontrei com ele novamente em Seattle. Ele me convidou para ouvir música em seu apartamento. Aí, você sabe... Eu o quero muito.
Quando você foi ao programa de David Letterman (talk show de maior audiência nos EUA, na rede CBS), subiu na mesa, rebolou simulando um striptease e até levantou a camiseta. Criancice ou exibicionismo?
Sou adulta e menina ao mesmo tempo. É algo que vem e vai. Agora me transformei em uma menina, porque quando devia ter sido, não fui. Mas em alguns sentidos, sou uma velha: já vivi, vi e fiz de tudo. Agora eu só quero ser livre. É o que tenho dito desde pequena e digo ainda. Eu fui uma criança muito maltratada.
Como foi fazer cinema aos 7 anos?
Foi ótimo. "E.T." foi um sucesso. Mas, passados dois anos, eu era uma pessoa de 40 com o corpo de uma menina de 9. Interpretava meus papéis com facilidade precoce. Participava de programas de debates, bebia, ia a clubes noturnos e cheirava cocaína: tudo isso antes de acabar o colégio. Quando tinha 13 anos, fui mandada para uma instituição de reabilitação para viciados em drogas e em álcool. Fiquei lá por um ano. Tentei me suicidar mas, para dizer a verdade, não queria morrer. Pelo menos não queria desaparecer para sempre. Levaram-me imediatamente ao hospital e salvaram minha vida. Decidi que queria viver. Aos 15, me emancipei de meus pais e fui autorizada a trabalhar legalmente com a mesma carga horária de um maior de idade. E descobri que, às vezes, viciados de 15 anos têm dificuldades para pagar o aluguel.
Você tem medo de voltar a beber e a usar drogas?
Cada vez que tomo um gole de álcool, penso: "O que as pessoas vão pensar?" É estranho. Para saber como é, tente viver em um aquário, com todos te olhando e te julgando. Pergunte a qualquer um que trabalhe no cinema se, alguma vez, faltei um dia ao trabalho, não fui profissional ou me descontrolei. Esse tipo de coisa nunca aconteceu.
Como foi o período de internação?
Vou te dizer uma coisa. Para sentir

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