São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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velha aos vinte

DO "EL PAÍS"

o verdadeiro prazer de estar em contato com a natureza, não há nada como passar um ano internada. Não há ninguém que aprecie o céu como eu. Ninguém. Quero ser livre, em todos os sentidos possíveis.
Até que ponto a curiosidade do público incomoda você?
É estranho. Minha vida inteira sempre foi como um livro aberto. Por um lado, estou muito acostumada a isso e aprendi a suportar essa situação, que nunca vai mudar. Por outro, o que tenho a dizer para essa gente é: "Fodam-se". Não me vejo como os outros me vêem. Não sou insegura. Aconteceu muita merda comigo para que me sinta insegura.
Com anda a relação com sua família?
Minha mãe acabou de escrever um livro que dedicou a mim. Estamos sem nos falar há quatro anos.Trocamos correspondência há alguns meses. Mas não estamos preparadas ainda para ter uma conversa. Dedicar seu livro para mim é a forma que ela encontrou para dizer que me quer. Meus pais sempre foram entusiastas do amor, mas nenhum deles foi capaz de manter uma relação com outra pessoa. Nem com um casal, nem com um amigo, nem com sua família. Isso confundiu minhas idéias sobre o que se supõe que é o amor.
E seu pai?
Não sei bem por onde anda meu pai. Ele deve estar em algum lugar ao sul dos Estados Unidos. Mas sei que ele não usa sapatos há uns 40 anos, não crê em bens materiais e leva uma vida de vagabundo. Meu pai foi "junkie" e alcoólatra durante 30 anos. Bonita combinação, não é? Ele tinha um comportamento asqueroso. Custou-me muito suportá-lo quando pequena. Ele era violento, assustador. Quando eu tinha 7 anos, escrevi no seu maço de cigarros: "Foda-se. Você é um filho da puta". Dei-lhe o maço e disse: "Fume isto, cara". Não falo com ele desde os 14.
Você pensa em ter filhos?
Claro. Sempre pensei que uma família sem filhos não tem sentido. Eu quero ter dois: um menino e uma menina. Minha filha se chamará Ruby Daffodil.

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