São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 1995 |
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Escolha por indicações permite nepotismo
FREDERICO VASCONCELOS
Como a escolha do juiz classista é feita a partir de indicações das entidades de classe, sem necessidade de concurso público, é comum a prática do nepotismo (juízes nomeando parentes de juízes). Em artigo na Folha, o presidente da Associação Regional dos Juízes Classistas, Jerônimo Augusto Gomes Alves, afirmou que ``o classista tem revelado uma eficiência e um amor à Justiça que nem a lei espera". O legislador possivelmente não previa que essa dedicação à Justiça fosse tão disseminada entre familiares de juízes. No Rio de Janeiro, cinco membros de uma mesma família foram indicados juízes classistas. Em Feira de Santana, na Bahia, o filho de um juiz classista aposentado já cumpre o seu primeiro mandato. Em Brasília, o presidente da Associação Nacional dos Juízes Classistas, o juiz aposentado José Alceu Câmara Portocarrero, é casado com uma ex-juíza classista. Ela só não se aposentou como tal porque não havia completado o período de contribuição à Previdência. Mas Portocarrero tentou ampliar a própria aposentadoria, já especial. Em 1993, o Supremo Tribunal Federal indeferiu mandado de segurança impetrado por Portocarrero contra decisão do TCU (Tribunal de Contas da União), que questionara a legalidade da sua aposentadoria. O TCU havia determinado a redução do percentual de gratificação adicional por tempo de serviço, atribuída a juízes togados. Portocarrero queria a aposentadoria nas mesmas condições dos magistrados, recebendo quinquênios, cujo cálculo incluía o período de emprego como advogado da Telerj. Texto Anterior: Categoria pode acumular remuneração Próximo Texto: 'Juiz togado não tem humildade' Índice |
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