São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 1995
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Categoria pode acumular remuneração

FREDERICO VASCONCELOS; CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DO EDITOR DO PAINEL S/A E DA REPORTAGEM LOCAL

O vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Roberto Ferraiuolo, 57, e o presidente do Sindicato dos Frentistas do Estado de São Paulo, Antonio Porcino Sobrinho, 44, têm algo em comum: ambos são juízes classistas.
Ferraiuolo ganha como magistrado aposentado e como diretor de uma indústria de tintas, a Ideal. Porcino ganha como juiz na ativa, numa Junta de Conciliação, e está na folha de pagamentos do Autoposto Clima, como gerente.
``Eu estou dentro da regra do jogo", diz Ferraiuolo. ``Eu tinha todas as condições de aposentadoria e exerci um direito meu", diz o representante dos empregadores.
Porcino acha que, para exercer bem a função, precisa de ``um pouco de aprimoramento". Caso contrário, diz, acaba sendo ``teleguiado, manuseado pelo representante dos empresários".
O representante dos empregados afirma que queria ser acadêmico de direito. ``Não tenho tempo para estudar e tranquei matrícula nas Faculdades Integradas de Guarulhos", conta. Ele fez curso técnico de administração de empresas.
Advogado há 31 anos, Ferraiuolo foi juiz classista durante 18 anos, indicado pela Fiesp. Cumpriu seis mandatos no TRT.
Sobre a dupla remuneração, Ferraiuolo diz que é uma determinação legal: ``Você só pode ser representante da categoria no exercício da sua função."
O maior sindicato da América Latina, o dos metalúrgicos de São Paulo, tem quatro classistas em sua diretoria. ``Se eu não segurasse um pouco, teria ainda mais", afirma o presidente do sindicato e diretor da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
A Força Sindical apóia a Justiça tripartite (com representação do Judiciário, dos empregados e dos empregadores), mas discorda da aposentadoria especial.
``Somos a favor de uma reforma na Previdência que acabe com esse privilégio", disse Luiz Antônio de Medeiros, presidente da central.
A CUT é contra a representação classista. ``Só aceitaria discutir a manutenção dessa figura caso ele recebesse e se aposentasse como qualquer trabalhador ou empresário", diz Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente da CUT.
A Folha apurou que há sindicatos menores filiados à CUT e até uma confederação, a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura, que indicam nomes de juiz.
(Frederico Vasconcelos e Cristiane Perini Lucchesi)

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