São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 1995
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Bobagens de Adilson Laranjeira

ODILON GUEDES

O sr. Adilson Laranjeira, assessor de imprensa do prefeito, no dia 17/07 passado, fez uma série de ataques a artigo que publiquei nesta Folha e à minha pessoa.
Ele diz que escrevi bobagens sobre as tarifas de ônibus de São Paulo. Ao usar esse termo mal-educado ele tenta desqualificar o debate sobre tarifas que a atual administração não consegue sustentar.
Mas vamos aos dados técnicos. Comparando a planilha apresentada em junho de 1994, que justificou a mudança da tarifa para R$ 0,50, com a planilha apresentada em junho de 1995, que justificou a mudança da tarifa a partir do dia 19 de junho de 1995 para R$ 0,65, foram confirmadas pela própria prefeitura as denúncias que fizemos de sobrevalorização dos custos variáveis de rodagem (item 1.3 das planilhas, que envolvem os preços de pneus, câmaras de ar, protetores e recapagem), que diminuíram de R$ 4,6 milhões para R$ 3,2 milhões, ou seja, o custo do sistema estava sobrevalorizado, somente nesse item, em R$ 1,4 milhões por mês.
Essa sobrevalorização vinha ocorrendo nas planilhas que antecederam a planilha de junho de 1994, porém, como era aplicado um redutor determinado pela auditoria da FGV, os preços finais chegavam próximos aos preços de mercado. Ocorre que, na planilha de junho de 1994, apresentada pela prefeitura, foi diminuído o redutor da FGV de 18,76% para 8,8%, sob a alegação de que fora expurgado o desconto referente a preços de veículos e rodagem, o que não era verdade. Com isso, os usuários do sistema, que pagam as passagens, e os contribuintes, que pagam os impostos, passaram para os empresários US$ 16,8 milhões, sem necessidade.
Além disso, é importante destacar, a última planilha de junho de 1995 excluiu totalmente o redutor da FGV e o custo por passageiro.
Outro fator que destacamos e que não justifica o aumento na tarifa é que, enquanto número de passageiros catracados aumentou de 148.983.852 para 160.295.226, o que equivale a um aumento de 7,59%, a frota contratada aumentou de 10.815 para 11.193, o que equivale a um aumento de 3,49%, ou seja, o número de passageiro por ônibus aumentou. Portanto, deveríamos ter uma diminuição no custo da passagem.
Diante desses dados, reafirmo que o prefeito acabou por transferir, sem justificativa, milhões de reais para os donos das empresas de ônibus.
Mais adiante ele afirma que de desvio de dinheiro público sou eu que entendo, pois fui condenado pela Justiça no início deste ano a devolver dinheiro recebido indevidamente por acúmulo de vencimentos.
Em relação a essa afirmação, digo que o sr. Adilson é mentiroso e irresponsável, pois nunca fui julgado nem condenado pela Justiça. Adianto que estou entrando com queixa-crime contra esse senhor por crime contra a honra e também com ação indenizatória por danos morais.
Esse cidadão e seu patrão, o prefeito Paulo Maluf, pensam que vão me intimidar ou calar. Aviso ao sr. Maluf & cia. que não me fazem medo e que continuarei com minha ação fiscalizatória, pois para isso fui eleito.
Finalmente, informo que já encaminhei os dados da última planilha de junho de 1995 para o Ministério Público, para que esse tenha mais elementos para analisar nossa representação contra o aumento abusivo das tarifas na capital.

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