São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 1995
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Grandes disputam telecomunicações

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Grandes empreiteiras, bancos e indústrias do país estão se preparando para disputar o mercado de telecomunicações, após a quebra do monopólio estatal no setor.
A avaliação das empresas é de que a emenda constitucional que extingue o monopólio será aprovada pelo Senado em agosto e que até o final do ano o Congresso aprovará a lei regulamentando os serviços privados.
O empresário Daniel Birmann, presidente do grupo Arbi (faturamento de US$ 1,5 bilhão por ano), diz que dedica 40% de seu tempo analisando opções de negócios em telecomunicações.
O Arbi vai disputar concorrências para telefonia celular na região Sul do país, em parceria com o grupo de comunicação RBS e com a Bellsouth (telefônica norte-americana).
Birmann tem projetos para exploração de ``trunking" -telefonia celular móvel para comunicações internas de empresas de frotas de veículos- em São Paulo, Paraná, S. Catarina e Rio Grande do Sul, também com a RBS.
O grupo Norberto Odebrecht (faturamento de US$ 3,3 bilhões por ano) vai entrar no mercado para diversificar suas atividades e diminuir o peso das contratações públicas em sua receita.
A Odebrecht iniciou esta estratégica pelo setor petroquímico, que hoje já responde por 35% de seu faturamento.
O grupo integra dois consórcios de telecomunicação: o Omnicel (com a Motorola e Unibanco) para disputar concorrências de telefonia celular e o Class (com a Globo, Bradesco, Victori, Monteiro Aranha e Matra) para três satélites.
Três outras empreiteiras -Andrade Gutierrez, Cowan e CCO- também apostam neste mercado para diversificar atividades.
``Estamos nos preparando para entrar em telecomunicações há três anos", diz Otávio Azevedo, presidente da AG Telecom, da Gutierrez, que foi a primeira empreiteira a entrar no mercado.
No ano passado, a AG Telecom lançou a ``Message", em parceria com a Unisys, para prestar serviço de recados telefônicos em São Paulo. Segundo Azevedo, o Message já tem 6000 clientes e permitiu ao grupo ganhar experiência e formar equipe.
``Chegamos antes porque queremos estar prontos para entrar nos grandes mercados na hora certa", diz ele.
O grupo Gutierrez, que fatura US$ 800 milhões por ano, está associado à USWest (telefônica norte-americana) para disputar as concorrências de telefonia celular. Além disso, vai testar, em São Paulo, uma nova tecnologia de transmissão de dados, voz e TV (LMDS), em parceria com a Cellular Vision, dos EUA.
Cowan e CCO são sócias da TV a cabo de Fortaleza, que tem 1 mil assinantes. ``Ainda estamos aprendendo a lidar com o setor", diz Marco Paulo Carneiro, diretor da CCO Telecomunicações.
O grupo Inepar, do Paraná, (fabricante de sistemas de transmissão de energia, com faturamento de US$ 250 milhões por ano) aposta alto no novo mercado.
A empresa integra o projeto Iridium, para comunicação global sem fios, da Motorola, que prevê o lançamento de 66 satélites, a partir de 98.
O Iridium permitirá ligações telefônicas, transmissão de dados e de fax de qualquer lugar do planeta, mesmo em locais isolados.
Valdir Carreiro, diretor de telecomunicações da Inepar, diz que o grupo já investiu US$ 20 milhões no Iridium. A Inepar já está no segmento de TV a cabo (é sócia de cinco empresas) e tem um projeto ambicioso em sociedade com o grupo Vicunha e com a Millicon, de Luxemburgo.
As três são sócias da PCN: uma empresa criada para explorar, no futuro, os sistemas de comunicação pessoal (PCS). Trata-se de um serviço de telefonia celular mais barato, mas com menor raio de ação, do que os celulares atuais.
Em abril, foram leiloadas duas faixas de frequência para exploração deste serviço em 51 cidades americanas e o governo arrecadou US$ 7,7 bilhões.
O governo brasileiro ainda não definiu as frequências que serão destinadas ao PCS no país, mas as telefônicas estatais têm a expectativa de que os leilões poderão ocorrer a partir de 97.
O grupo Itamarati, do empresário Olacyr de Moraes, tem projetos de lançamento de satélites; integra um consórcio para disputar as licitações para telefonia celular privada e se associou à AT&T e ao grupo Splice para explorar o serviço de ``paging" (bips eletrônicos).
``De cinco a dez anos, este será o segmento mais importante dentro do nosso grupo", afirma Marcos Moraes, presidente da Itamarati Telecomunicações. O grupo fatura US$ 1,2 bilhão por ano.

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