São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 1995
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Imprensa faz o papel da oposição, diz presidente

FHC deixa de inaugurar obras, frustrando políticos locais

SILVANA DE FREITAS; WILLIAM FRANÇA
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A GOIÁS

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que a imprensa brasileira faz ``oposição" ao governo e afirmou não haver partidos que cumpram este papel no país. ``Quem faz oposição no Brasil? Não existe. Quem faz as vezes da oposição é a mídia, e faz bem".
Fernando Henrique também criticou a perspectiva de inchaço do PSDB. Ele disse que o partido deve atrair ``boa gente" e precisa se fortalecer sem inchar.
FHC deu essas declarações a 40 líderes do PSDB de Goiás, na Base Aérea de Anápolis (GO), a 120 km de Brasília, após retornar da cidade de Goiás Velho. Ele disse estar ``ansioso" para que os partidos contrários ao governo ``digam o que querem".
Sobre a perspectiva de o PSDB ganhar adesões, FHC defendeu o ``poder de convencimento" do partido. Segundo ele, convencer é ``estar na vanguarda". O presidente negou que tenha chamado a esquerda de ``burra", na teleconferência do PSDB, em 3 de julho.
Segundo FHC, a oposição é conservadora por criticar as reformas. Ele afirmou que as reformas constitucionais serão feitas ``de qualquer maneira". Citou especificamente a da Previdência. ``Tem que fazer a reforma da Previdência? Tem. Dói? Dói."

Frustração
O presidente deixou de inaugurar obras em Goiás Velho (144 km de Goiânia) e frustrou o governador goiano, Maguito Vilela (PMDB), e o prefeito da cidade, Abner Curados (PMDB).
Vilela havia anunciado na mídia que o presidente inauguraria 15 obras. Entre elas, a entrega de 101 casas populares em uma área ao lado de uma rodovia.
``A segurança do presidente vetou a sua presença na inauguração porque teria de interditar a rodovia", disse o prefeito. As casas ganharam o nome do bisavô de FHC, Felicíssimo do Espírito Santo.
FHC distribuiu cestas básicas. A primeira-dama, Ruth Cardoso, iniciou a entrega das 800 cestas distribuídas ontem. A secretária-executiva do Programa Comunidade Solidária, Anna Peliano, anunciou a liberação de R$ 60 milhões para projetos no Estado.
(Silvana de Freitas e William França)

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