São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 1995
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Empresas terão que explicar queda de muro a conselho de engenharia

DA REPORTAGEM LOCAL

O Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) está apurando a responsabilidade pelas obras de demolição da antiga fábrica de papel Simão, no Ipiranga (zona sul de SP).
Uma parede da fábrica desabou na sexta-feira caindo sobre nove veículos e matando sete pessoas, entre elas um rapaz de 15 anos.
As empresas Terramoto e Arcoenge foram notificadas ontem a prestar esclarecimentos sobre sua participação na demolição.
Segundo o chefe de fiscalização do Crea, Estevão Takemura, 45, a Arcoenge terá que informar em que condições estavam as edificações quando assumiu o serviço de demolição, no dia 10 de julho.
Takemura disse ainda que a Terramoto, que havia abandonado as obras havia cinco meses, deveria ter pedido baixa da responsabilidade técnica.
O gerente da Terramoto, Luiz Kanashiro, diz que sua ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) vigorou de janeiro a março. ``Revoga-se automaticamente. Nunca ouvi dizer que seria preciso solicitar a baixa", afirmou.
Na administração regional, o alvará (documento que autoriza a execução da obra) está em nome da empresa Arco-Íris Agropecuária Ltda, proprietária do terreno. No documento, o engenheiro Daniel Fisherman Chazan aparece como o responsável pela obra.
Na Arco-Íris, de Belo Horizonte, e na Rede Apoio (empresa do grupo situada em São Paulo), nenhum responsável quis dar declarações sobre o desabamento.
Chazan também não foi encontrado pela Folha entre 12h e 19h de ontem. A informação é que ele teria viajado e só atenderia a imprensa quando seu advogado recomendasse.
Segundo Takemura, Chazan deveria ter fiscalizado a demolição, o que não aconteceu de acordo com as duas demolidoras.
Takemura afirmou que, se for confirmado, o procedimento do engenheiro é irregular. ``O profissional não pode emprestar seu nome. Ele pode ser multado e ter o exercício da profissão suspenso."

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