São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995
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'Tortura Nunca Mais' critica a Rede Globo

DA SUCURSAL DO RIO

O grupo Tortura Nunca Mais criticou ontem o programa ``Globo Repórter", transmitido na sexta-feira passada pela Rede Globo, que apresentou reportagem sobre os mortos e desaparecidos durante o regime militar.
Segundo o grupo, o programa não esclareceu as reivindicações dos familiares dos desaparecidos, tendo apenas divulgado a proposta do governo Fernando Henrique Cardoso, que se propõe a reconhecer a morte de 152 desaparecidos.
João Luiz Moraes, pai de Sonia Moraes Angel, uma das desaparecidas, disse que o programa só apresentou a solução do governo.
O grupo pede o reconhecimento de outros 217 mortos e a apuração das responsabilidades, mesmo sabendo que não haverá condenações, porque a Lei da Anistia beneficiou tanto torturadores como acusados de atos de terrorismo.
O programa foi gravado originalmente em 1990, mas não foi veiculado na época. O grupo diz que, na semana passada, familiares das vítimas deram novas entrevistas à Globo sobre as reivindicações, mas a emissora não teria transmitido esses trechos.
O diretor da Central Globo de Jornalismo, Evandro Carlos de Andrade, negou que a emissora tenha feito novas entrevistas com familiares das vítimas, com exceção da viúva do deputado Rubens Paiva -transmitida pelo programa.
Em nota enviada à Folha, Andrade afirma que ``a reportagem do `Globo Repórter' não fez juízo de valor sobre o projeto do governo, apresentado em primeira mão". Segundo o diretor, a reportagem destacou que o projeto do governo tem ``pontos polêmicos".
O Tortura Nunca Mais é uma entidade de defesa dos direitos humanos que reúne familiares e simpatizantes dos desaparecidos.

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