São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995
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Sem-terra rifam carro para financiar congresso no DF

Governo fere decreto ao ceder pavilhão de exposições

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) decidiu usar uma prática pouco ortodoxa de arrecadar fundos para um movimento político de linha socialista.
No melhor estilo dos bingos que invadiram as cidades brasileiras, os sem-terra promoveram uma rifa de um Gol 1.000, ano 94, sorteado pela loteria federal entre os militantes que assinam o jornal do MST.
Desde anteontem, os trabalhadores rurais realizam em Brasília seu 3º Congresso Nacional. Estão presentes 5.000 delegados. O vencedor da rifa, um delegado da Paraíba cujo nome não foi informado, não foi ao evento.
Juraci de Oliveira, da Coordenação Nacional do MST, disse que essa forma de arrecadar fundos ``é uma questão de sobrevivência dentro da sociedade capitalista", disse.
Segundo Oliveira, há 4,8 milhões de sem-terra no país, incluindo bóias-frias (diaristas) que não estão desempregados, mas que reivindicam terras.
O coordenador do movimento afirma que 130 mil famílias já foram colocadas em 900 assentamentos que ocupam 6 milhões de hectares de terras desde 1980.
Ontem, o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, compareceu ao congresso e atacou os agricultores que vieram a Brasília na semana passada pedir a retirada da TR (Taxa Referencial de juros) no cálculo de suas dívidas.
O governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), feriu o decreto 15.395/93 ao ceder gratuitamente o Pavilhão de Feiras do Parque da Cidade para o congresso do sem-terra.
A cessão gratuita do pavilhão só é permitida a órgãos públicos. A decisão fez com que a secretária de Turismo do DF, Maria de Lourdes Abadia (PSDB), antecipasse a saída do cargo.
Ela ficaria até setembro, quando se desligaria para disputar a presidência do PSDB local.
O secretário de Comunicação Social do DF, Moacir Oliveira Filho, disse que existe uma legislação que permite a utilização gratuita do pavilhão. Ele disse que enviaria cópia da lei por fax à Folha, mas não o fez.

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